Sentados num galho de árvore, o macaco e a macaca contemplavam o entardecer. Em determinado momento, ela perguntou:
“O que faz com que o céu mude de cor, na hora que o sol atinge o horizonte?”
“Se quisermos explicar tudo, deixamos de viver”, respondeu o macaco. “Fique quieta, vamos deixar o nosso coração alegre com este entardecer romântico”.
A macaca enfureceu-se.
“Você é primitivo e supersticioso. Já não dá mais atenção à lógica, e só quer saber é de aproveitar a vida”.
Neste momento, passava uma centopeia.
“Centopeia!”, gritou o macaco. “Como é que você faz para mover tantas patas em perfeita harmonia?”
“Nunca pensei nisso!”, foi a resposta.
“Então pense! Minha mulher gostaria de uma explicação!”
A centopeia olhou para suas patas, e começou:
“Bem.. eu flexiono este músculo…não, não é bem isso, eu tenho que jogar o meu corpo por aqui…”
Durante meia-hora, tentou explicar como movia suas patas, e, à medida que tentava, ia confundindo-se cada vez mais. Quando quis continuar seu caminho, já não podia mais andar.
“Está vendo o que você fez?”, gritou desesperada. “Na ânsia de descobrir como funciono, perdi os movimentos!”
“Está vendo o que acontece com quem deseja explicar tudo?”, disse o macaco, voltando a assistir o entardecer em silêncio.
Paulo Coelho
O Conheciemnto é sim, sem sombra de dúvidas, muito valioso para as pessoas, principalmente nesse ambiente atual de concorrência e competitividade. Atualmente estamos sendo reduzidos ao nosso conhecimento das questões globais e gerais. Mas isso leva a uma desvalorizaçao da pessoa vista como humana. Somos o tanto que conhecemos, nos julgam se somos ou não aptos ou competentes para tal cargo pelo nosso conhecimento, tudo nos instiga ao conhecimento e isso leva a um empobrecimento do ser como uma pessoa que sente emoções. Mas esse conhecimento da qual somos obrigados a nos introduzir, se quisermos sobreviver na sociedade, gera ansiedade, sobre o futuro, incerteza e simplesmente não "APROVEITAMOS O POR DO SOL ROMÂNTICO", como fala o macaco. Estamos sempre a frente, sempre no futuro, nos projetando para algo que na maioria das vezes foge dos nosso planos que habitavam nossa mente. Devemos sempre saber o limite entre o SER e o SABER, nunca deixando se iludir pela sabedoria e sabermos que tambem somos um SER que sente e que provoca sentimentos em outros.
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