Consertar um 'defeito' em células cerebrais pode curar a esquizofrenia, diz pesquisa
Pesquisadores descobriram que o DNA no cérebro dos esquizofrênicos está muito 'apertado', prejudicando a ação de alguns genes. Drogas que estão sendo desenvolvidas para tratar outras doenças podem ajudar a curar a doença
Cientistas americanos descobriram que o mau funcionamento de um processo celular no cérebro está intimamente relacionado à esquizofrenia, doença mental que causa alucinações e pode impossibilitar o convívio social dos pacientes. Segundo o estudo, que foi publicado na versão online da revista Translational Psychiatry, drogas que já estão em estágio final de desenvolvimento, voltadas ao tratamento de outras doenças, podem ajudar a bloquear os sintomas da esquizofrenia.
O problema, segundo pesquisadores do Instituto de Pesquisas Scripps, na Califórnia, nos Estados Unidos, está no DNA dos doentes, mas a doença não é genética. A espiral que contém o código genético está 'muito apertada' nas células de quem tem esquizofrenia, segundo os cientistas. Trata-se de um defeito epigenético. Isso quer dizer que o DNA não foi alterado, mas funciona de forma errada.
Uma estrutura de proteínas chamada histona dá ao DNA o aspecto espiralado. "Há tanto DNA em cada célula do corpo que ele nunca poderia caber nelas a menos que fosse bem embalado", explica Elizabeth Thomas, neurocientista que liderou o estudo. As histonas passam por mudanças químicas para relaxar e apertar o espiral e expor ou não genes que precisam ser utilizados.
Se genes que deveriam ser expostos não são, o organismo sofre consequências como as doenças de Parkinson e Huntington ou predisposição para o vício em drogas.
Relaxamento — A equipe de Thomas estava estudando o papel da acetilação das histonas, como é chamado o relaxamento no jargão científico, na doença de Huntington, um mal degenerativo que afeta as capacidades mentais e motoras. Em estudos anteriores, eles haviam mostrado que certos genes em doentes de Huntington e esquizofrênicos eram muito menos ativos do que em pessoas saudáveis. Então os cientistas resolveram pesquisar se o mesmo processo desencadeava as duas doenças.
Eles pesquisaram cérebros de esquizofrênicos e de pessoas saudáveis após sua morte. Em comparação com cérebros saudáveis, as amostras do cérebro de indivíduos com esquizofrenia apresentaram níveis mais baixos de acetilação em porções da histona, o que bloqueou a expressão de certos genes. Em outras palavras, o DNA nessas pessoas estava mais "apertado". Nos cérebros de vítimas jovens de esquizofrenia, o problema era bem mais acentuado.
Tratamento — Os pesquisadores não sabem o que causa o defeito na acetilação, mas podem conseguir reverter o problema. É o objetivo de drogas que estão em fase final de desenvolvimento em vários laboratórios pelo mundo. Sua aplicação poderá curar a esquizofrenia, sobretudo em pacientes jovens, segundo Thomas. As drogas que existem atualmente tratam apenas de seus sintomas e provocam efeitos colaterais severos, como a diabetes.
As possibilidades podem ser ainda maiores, porque alguns dos déficits cognitivos que afligem os idosos parecem ser bastante similares biologicamente com a esquizofrenia. Os medicamentos devem começar a ser testados em humanos em breve, mas geralmente são necessários vários anos para sua aprovação pelos órgãos de controle governamentais.
Fonte: VEJA
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