Por Murilo de Aragão, Cientista Politico
Caco Antibes, o inesquecível personagem da série Sai de baixo interpretado por Miguel Falabella, um dos mais brilhantes atores e autores de sua geração, dizia, sem mais nem menos: “Salvem as professorinhas!”
O bordão alertava todos os que assistiam ao programa sobre a urgente necessidade de se valorizar a profissão e, sobretudo, de se recolocar o professor – seja ele de que nível for – no seu devido lugar dentro da sociedade.
Infelizmente, não são apenas os professores que devem ser salvos. O problema é mais grave, e o bordão de Caco Antibes poderia ser complementado com o título desta coluna.
Pois bem, o Brasil de 2012 vai se iniciar com um déficit de 300 mil professores. Faltam-nos, principalmente, professores de matemática, química e física.
Para um país de quase 200 milhões de habitantes, existem somente 2 milhões de professores nas redes estaduais e municipais. É muito pouco.
Há escolas na Finlândia que têm três professores por classe, cada qual com apenas 16 alunos! Algo surreal de ser imaginado no Brasil de hoje.
Enquanto o governo discute comprar milhões de tablets para serem distribuídos aos alunos, não temos professores suficientes para eles!
Pior: os que resistem na profissão – já que ensinar na rede pública é um ato de resistência – ganham um salário humilhante frente à responsabilidade exercida.
O piso nacional no magistério é de R$ 1.187 por 40 horas de aula por semana. No DF, o salário é de R$ 3.472. No entanto, outros profissionais com formação similar ganham muito mais, por exemplo, os policiais.
Nada contra, pelo contrário: policiais devem ser muito bem pagos. Mas os professores também. E as razões são mais do que óbvias.
No Rio, de acordo com o Sindicato Estadual dos Profissionais de Ensino, pelo menos um professor pede exoneração por dia. Não é para menos.
As greves na rede pública, embora sejam uma constante, resultam em poucas medidas práticas. No ano passado, em pelo menos sete estados houve greves e paralisações que afetaram mais de 2 milhões de estudantes.
Em agosto, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) convocou uma paralisação nacional na rede pública para reivindicar o cumprimento da lei que estabelece o piso salarial para a categoria.
De acordo com a CNTE, professores de diversas localidades do país sequer recebiam o piso nacional. A entidade pedia ainda que o governo federal reajustasse seu valor: de R$ 1.187 para R$ 1.597.
Além da carência de professores e do seu salário desestimulante, nossos alunos – alunos da quinta economia do planeta – ainda têm que lidar com uma educação obsoleta e inadequada para os nossos tempos.
Infelizmente, a rede pública, outrora motivo de grande orgulho no país, foi desmantelada e relegada aos que não têm dinheiro para pagar escolas privadas.
Lamentavelmente, os filhos dos políticos e dos ricos não frequentam as escolas públicas nem são afetados pelas sucessivas greves.
O que fazer? É um desafio imenso para uma sociedade que quer se modernizar e precisa, urgentemente, melhorar a educação de sua juventude.
Fonte: O Globo.com
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