Revoltante a notícia sobre o sistema público de saúde!!!
por yvonne maggie
Uma notícia sobre o sistema público de saúde em meio a anúncios de aumento de
verba para o setor me deixou revoltada. O ministro da Saúde, em entrevista no
dia 30 de dezembro último ao jornal Valor Econômico, anunciou que, em
breve, o Governo vai instituir uma margem de 25% para os produtores nacionais de
bens e serviços adquiridos pelo Ministério da Saúde. Ou seja, o Governo vai
pagar 25% a mais por esses bens, desde que sejam produzidos em território
nacional. O argumento que o ministro apresenta é que o déficit comercial do
setor de saúde é grande e está crescendo, ou seja, importamos mais do que
exportamos equipamentos hospitalares, medicamentos e outros itens
relacionados. Em artigo no mesmo jornal de 10 de janeiro de 2012, o economista Edmar Bacha
analisa a intenção do ministro dizendo que apesar do aumento do orçamento do
Ministério da Saúde para 2012, como anunciado nas manchetes do dia 17 último, o
projeto do Governo, se confirmada a pretensão de substituir importações nesta
área, é gastar uma quantidade maior dessa verba para a “criação de musculatura
na indústria brasileira”. Não importa se os bens adquiridos para criar esta
“musculatura” são piores do que os importados ou se vamos gastar mais com os
produtos “nacionais”. Segundo Edmar Bacha o argumento do “déficit setorial
entre importação e exportação não é cabível.” Estamos em outro momento de nossa
economia e temos excesso de divisas; o que se deveria priorizar é a qualidade
do produto ofertado, sobretudo na área de saúde tão crítica para a população.
Diz o economista:
“Os instrumentos para desenvolver uma indústria
competitiva de saúde no País estão à disposição de quem a eles quiser se
candidatar: isenções tributárias para a importação de bens de capital e a
instalação de novas unidades em diversos estados da federação; financiamentos
generosos do BNDES; mercado local amplo e em crescimento. Se o Governo quiser
dar mais incentivos, basta garantir que, em igualdade de condições de preços e
qualidade, dará preferência à indústria nacional. Mas não é aceitável que o País
gaste recursos da arrecadação de impostos para pagar mais caro pela saúde que já
tem, quando há tantas deficiências na área.”
Edmar Bacha ainda calcula quanto a mais seria gasto para fazer esta
substituição de importação pagando mais caro pelos produtos: “Trata-se de um gasto de US$ 2,75 bilhões, os quais, ao câmbio atual, somam
R$ 5 bilhões. Em lugar de gastar esse dinheiro com substituição de importações,
o Ministério da Saúde poderia usá-lo mais produtivamente para expandir o
Programa da Saúde da Família, cuja cobertura está estagnada em torno de 60%,
deixando ao desabrigo uma parcela importante da população que não tem planos de
saúde. Alternativamente, poderia dedicar-se a reduzir a mortalidade infantil no
País, que ainda se situa num patamar excessivamente alto, de 15 por mil nascidos
vivos, enquanto que no Chile, por exemplo, essa taxa é de 8 por mil nascidos
vivos. Ou então, dedicar-se a reduzir a taxa de mortalidade materna que, de
acordo com os próprios dados do Ministério, estão estacionados em níveis
elevados desde 2002. Ou seja, prioridades relevantes não faltam. O que parece
faltar é vontade política de enfrentar os problemas.”
Não podemos ficar calados diante de notícia tão alarmante. Recentemente tive
um câncer e o tratamento implicava sessões diárias de radioterapia. Felizmente
tinha economias e gastei-as pagando todo o tratamento em uma clínica do Rio de
Janeiro que dispunha de máquina avançadíssima que diminui os efeitos colaterais
que seriam muito mais dolorosos, podendo até inviabilizar o tratamento, se eu
tivesse tido que usar tecnologia menos atual. Neste momento da doença e do
sofrimento físico pensei nos milhares de pacientes do SUS sem acesso a esses
recursos.
Espero que o ministro da Saúde não tente impedir a melhoria do sistema de
saúde. Para o paciente não é importante se está usando máquinas e medicamentos
americanos, chineses ou brasileiros, o importante é a eficiência e a qualidade
do serviço ofertado para que fique curado e sofra menos. Não é admissível, em
pleno século XXI, que o Brasil não consiga ultrapassar a marca do
subdesenvolvimento como está sendo demonstrado na área da saúde. Não quero de
jeito nenhum pensar paranoicamente sobre esta intenção do ministro da Saúde,
como também não o fez Edmar Bacha, mas o povo certamente irá suspeitar que por
baixo dessa capa nacionalista possa rolar algum “malfeito”.
fonte: G1/A vida como ela parece ser
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