terça-feira, 24 de julho de 2012

Você conhece a Doença de MACHADO JOSEPH


História
A doença de Machado Joseph (DMJ) é uma doença hereditária de conhecimento recente. A primeira descrição oficial data de 1972, tratava-se de uma família Luso-americana descendente de Guilherme Machado, que nasceu em São Miguel e emigrou com os filhos para Massachusetts, daqui o nome Machado. No mesmo ano, em descendentes de José Tomás, originário das Flores, foi descrita uma doença semelhante.
Em 1976 na Califórnia, foi descrita outra família açoriana (família Joseph), com outra doença neurológica. Era a família de António Jacinto Bastiana, nascido na Ilha das Flores em 1815 e emigrado para São Francisco em 1845, falecendo em 1870, deixando sete filhos, quatro dos quais viriam a ser afetados como ele pela doença. Hoje são conhecidos mais de 600 descendentes seus na Califórnia, muitos dos quais afetados pela doença. Muitas outras famílias açorianas afetadas emigraram para os EUA. De São Miguel, sobretudo para a Nova Inglaterra e das Flores principalmente para a Califórnia.

            Em 1978, nas Flores e São Miguel, foram encontradas as primeiras 15 famílias que partilhavam muitas das características das doenças descritas anteriormente. Conclui-se então que se tratava da mesma doença, com uma variabilidade clínica muito grande, à qual deram o nome de Doença de Machado-Joseph.           Alguns anos mais tarde e casualmente foi encontrada a primeira família continental com a DMJ. Desde então o número de famílias continentais diagnosticadas tem aumentado.
Muitas famílias sem ascendência portuguesa conhecida estão registradas, nos EUA e muitos outros países. O Japão torna-se um dos principais focos mundiais da doença, enquanto outras famílias se encontram no Brasil, Índia, China, Austrália, Espanha e França.
O que é
A doença de Machado Joseph, é uma doença rara que provoca a degeneração do sistema nervoso e que não tem cura. Ela compromete inicialmente a capacidade motora do paciente provocando descoordenação de movimentos (ataxia).
Assim, o doente apresenta ataxia cerebelar (descoordenação dos movimentos e da fala), oftalmoplegia externa progressiva (limitação do olhar vertical para cima) e sinais piramidais/espasticidade (reflexos exagerados), a que se adicionam em alguns doentes um síndrome extrapiramidal (posturas e movimentos anormais de torção) ou síndrome periférica (atrofias musculares). Como sintomas menos comuns temos a retração das pálpebras (olhos salientes) e pequenas fasciculações da face e língua. Com o evoluir da doença todos os doentes desenvolvem dificuldades de deglutição. Os doentes da DMJ não têm qualquer deterioração mental e muitas vezes apresentam por exemplo, incontinência que resulta das dificuldades de locomoção e não da doença em si. Para esta doença ainda não há tratamento, mas pode-se melhorar a qualidade de vida dos doentes tratando algumas das várias complicações.
Esta é uma doença que se manifesta tardiamente, em média aos 40,5 anos, no entanto pode aparecer desde tenra idade até aos 70 anos de idade (casos mais raros).
A única forma de prevenir a doença é o estudo genético do casal que pretende engravidar, de forma a identificar a probabilidade de possuir o gene defeituoso e passar a doença para o bebê.
Guilherme Karan, um ator brasileiro, sofre desde 2005 com esta doença degenerativa.

Tratamento para Doença de Machado Joseph

O tratamento para a doença de Machado Joseph baseia-se em diminuir as limitações motoras que surgem a medida que vão aparecendo, uma vez que não há cura para a doença e não há também tratamento que previna o avançar da degeneração característicos desta doença.
O tratamento normalmente  tem o objetivo de aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. Inclui além da  fisioterapia, a instituição de tratamento sintomático para problemas que se instalam com o desenvolvimento  da doença como depressão, alterações de sono, Parkinson, contraturas musculares e dor.
A doença de Parkinson que se instala pode ser tratada com levodopa ou agonistas dopaminérgicos. O uso de dopamina e entiespasmódicos também ajudam a melhorar a mobilidade do paciente, podendo fazer parte do tratamento para a doença de Machado Joseph.

A Fisioterapia na Doença de Machado Joseph

A fisioterapia para a doença de Machado Joseph envolve terapia de reabilitação da deglutição  e é recomendada e essencial para todos os doentes com dificuldade de deglutição relacionada a danos neurológicos, como neste caso.
A fisioterapia e a terapia ocupacional podem, ajudar o paciente a escolher qual o aparelho de assistência à marcha a utilizar, e também ajudando o paciente a se adaptar às limitações que têm.

Cura para doença de Machado Joseph

Como não existe cura para a doença de Machado Joseph, e sendo uma doença muito grave, é muito importante  seu controle e prevenção, para reduzir o surgimento de novos casos.
A morte destes pacientes geralmente é causada por complicações habituais da fase terminal da doença, asfixia ou pneumonias de aspiração. Após o início da doença, a sobrevida do paciente é de aproximadamente 21 a 25 anos.

Diagnóstico da doença de Machado Joseph

O  diagnóstico da doença de Machado Joseph é feito através de um teste genético molecular e também com exame de imagem como a ressonância magnética.
A DMJ é uma doença hereditária, de início tardio e de transmissão autossómica dominante, pelo que a probabilidade de um filho ou irmão de um portador carregarem essa doença é de 50%. Como doença hereditária nasce-se carregando o gene com alteração (mutação do gene).
Em 1994 descobriu-se que o gene mutante estava localizado no cromossoma 14 do cariótipo humano. Trata-se de um gene simples com 2 exões e um intrão, havendo no segundo exão uma sequência repetitiva de um trinucleótico CAG. O número de vezes que este se repete é variável mas sempre inferior a 40. A mutação nos DMJ consiste nessa repetição mas com números superiores a 60. Sabe-se ainda que quanto maior for a expansão do tripleto CAG menor é a idade de início da doença.


É possível se fazer um diagnóstico pré-natal ainda durante a gravidez através de amniocentese entre as15-18 semanas de gravidez, ou por biopsia das vilosidades coriônicas às 12 semanas, apesar de existir muita controvérsia sobre o diagnóstico pré-natal e a interrupção da gravidez de fetos com esta mutação genética.
Pesquisas

Cientistas portugueses travaram doença de Machado-Joseph em ratos

 

Uma equipa de cientistas da Universidade de Coimbra conseguiu identificar e bloquear, em ratos, um dos mecanismos de base responsáveis pela degenerescência cerebelar que caracteriza a terrível doença de Machado-Joseph.

 

A confirmarem-se nos seres humanos, os seus resultados poderiam conduzir ao primeiro tratamento eficaz desta doença genética, que é relativamente rara em quase todo o mundo, mas que afeta uma em cada 4000 pessoas de ascendência portuguesa na Nova Inglaterra (EUA) e que, na ilha das Flores, nos Açores, bate todos os recordes, com uma pessoa afetada.

 

"A doença, também designada por ataxia espinocerebelar do tipo 3, foi identificada como entidade autônoma pelos investigadores e clínicos Paula Coutinho e Corino de Andrade, do Porto, que lhe deram o nome das duas primeiras famílias para as quais havia descrições na literatura", disse ao Público Luís Pereira de Almeida, o líder da equipa do Centro de Neurociências da Universidade de Coimbra que acaba de publicar o seu trabalho na revista Brain.

 

A doença de Machado-Joseph é progressiva e não tem cura. Deve-se a uma mutação num único gene e basta um dos progenitores ser afetado para os filhos terem uma probabilidade de 50% de ter a doença.

            O gene mutante que a causa, descoberto em 1994 no cromossoma humano 14, apresenta uma repetição anormalmente elevada de uma pequena sequência de "letras" do ADN, o que dá origem a uma proteína anormal - a ataxina-3 -, que forma depósitos letais dentro do núcleo dos neurônios. Os especialistas já suspeitavam que a proteína mutante, ao fragmentar-se, conduzia à formação dos depósitos anormais. E agora, a equipe  de Coimbra conseguiu, ao desvendar o processo de fragmentação, confirmar que esse processo e a degenerescência cerebelar estão, de fato, relacionados.

            Mais precisamente, os cientistas mostraram que a ataxina-3 mutante é cortada aos pedaços por uma molécula, chamada calpaína. E também que, quando a calpaína é inativada, os fragmentos neurotóxicos desaparecem e a destruição cerebelar é interrompida - o que pode significar a descoberta de uma potencial maneira de travar o processo. "Mesmo que não consigamos prevenir totalmente a fragmentação da ataxina-3, o fato de ela abrandar poderia ser suficiente para impedir que a doença surgisse durante a vida das pessoas, o que representaria uma incrível vitória sobre esta terrível doença", diz Pereira de Almeida em comunicado.

 

Os investigadores quiseram saber se, no rato, seria possível impedir que a calpaína fragmentasse a ataxina-3. Para isso, utilizaram outra molécula, chamada calpastatina, um inibidor da calpaína naturalmente presente no organismo. E constataram que, efetivamente, a introdução de altos níveis de calpastatina no cérebro dos animais não só permitia reduzir o número de depósitos de ataxina-3 dentro dos neurônios, como também os estragos cerebrais e os sintomas neurológicos característicos da doença de Machado-Joseph. Se os resultados forem válidos no ser humano, fármacos capazes de bloquear a calpaína poderiam vir, pela primeira vez, a permitir travar a doença. Mas Pereira de Almeida é prudente: "Este trabalho é mais uma peça do puzzle... não sabemos ainda o alcance. Temos testado um fármaco [em animais] que parece promissor, mas não está aprovado para uso clínico, pelo que ainda irá demorar, mesmo se tudo correr bem, a chegar à clínica.”




Referências:

Machado - Joseph, Disponível em: http://www.pcd.pt/biblioteca/docs.php?id=582&id_doc=242&id_cat=10. Acesso em 24 Julho 2012.

Doença de Machado JosephDisponível em:  http://www.tuasaude.com. Acesso em 22 Julho 2012.

GERSCHENFELD, Ana. Cientistas portugueses travaram doença de Machado-Joseph no ratinho, disponível em:   http://www.publico.pt/Ci%C3%AAncias/cientistas-portugueses-travaram-doenca-de-machadojoseph-no-ratinho-1556103?p=2. Acesso em 24 Julho 2012.







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