Nasceu, no último sábado, o primeiro bebê brasileiro selecionado geneticamente em laboratório para não carregar genes doentes e ser totalmente compatível com a irmã. Maria Clara Reginato Cunha, de apenas 4 dias, nasceu no Hospital São Luiz, em São Paulo, para salvar a vida de Maria Vitória, que tem 5 anos e convive com transfusões sanguíneas a cada três semanas e toma uma medicação diária para reduzir o ferro no organismo desde os 5 meses. Maria Vitória sofre de talassemia major, uma doença rara do sangue que, se não for tratada corretamente, pode levar à morte. As células-tronco colhidas no sangue do cordão umbilical de Maria Clara serão usada para um transplante de medula em Maria Vitória.
De acordo com Vanderson Rocha, hematologista chefe de transplantes de medula óssea do Hospital Sírio-Libanês, que realizará o transplante de medula em Maria Vitória, a talessemia é uma doença genética hereditária. Para que uma pessoa tenha o problema, precisa herdar os genes tanto do pai quanto da mãe. Ela se caracteriza pela diminuição da síntese de hemoglobinas, que são as responsáveis por carregar o oxigênio presente nos glóbulos vermelhos.
Uma vez que se trata da diminuição de hemoglobina, a talessemia é um tipo de anemia. Ela pode ser menor, ou seja, uma doença mais discreta com sintomas fracos o até assintomática, ou major. "Nesse caso, que é mais grave, o doente precisa de transfusão sanguínea por toda a vida, a não ser que receba um transplante de medula, como irá acontecer com Maria Vitória dentro de alguns meses. Uma vez recebido o transplante, a pessoa com talassemia estará curada", afirma o médico. Sem o gene que provoca a doença, a medula de Maria Vitória passará a sintetizar a hemoglobina normalmente.
Segundo Rocha, a incidência da talassemia varia de acordo com a região, sendo mais comum entre brancos europeus principalmente de países como Itália e Grécia. No Brasil, estima-se que entre 1% e 6% da população, dependendo da região, carregue pele menos um gene da doença, o que não necessariamente significa que a pessoa tem talassemia. Acredita-se que, atualmente, existam 800 brasileiros com talassemia.
Chances pequenas — Segundo o médico geneticista Ciro Dresh Martinhago, a técnica usada para identificar os genes doentes e também a possível compatibilidade é a mesma. "A gente coleta uma única célula do embrião para fazer a análise molecular", explica o médico, diretor da RDO Diagnósticos e responsável pela análise genética.
De acordo com ele, as chances de um casal gerar embriões que sejam compatíveis e não carreguem o gene doente são de apenas 18%. Além disso, a dificuldade de realizar a técnica e a falta de profissionais experientes nessa área são alguns dos motivos que fazem o método ser pouco usado. O primeiro caso de seleção de embrião 100% compatível no mundo aconteceu em 2004.
Fonte: Veja.com
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