quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Os recados de Dilma


Os políticos ainda tentam entender as mensagens da presidente Dilma Rousseff na montagem de sua equipe ministerial – depois de uma tão propalada reforma para substituir os ministros-candidatos às eleições deste ano. Enquanto todos olhavam para o PDT que perdeu o comando do Ministério do Trabalho no fim do ano passado com a saída de Carlos Lupi e diante da pressão do PR para voltar ao comando do Ministério dos Transportes, Dilma manda sinal em outra direção: leva o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) para o Ministério da Pesca, em substituição ao petista Luiz Sérgio.

Todos sabiam que Dilma não morre de amores pela gestão de Luiz Sérgio, mas a troca foi feita sem qualquer sinal anterior. Foi uma reação à pressão do PR que, para cobrar sua parcela na equipe de governo, mais precisamente o Ministério dos Transportes, anunciou ontem que poderia lançar o deputado Tiririca à prefeitura de São Paulo. Não se pode avaliar a possibilidade de sucesso de Tiririca, o deputado mais votado nas eleições de 2010, mas é certo que ele poderia causar algum estrago na candidatura de Fernando Haddad que já perdeu outros apoios esperados.

No fim das contas, quem está pagando pelo estilo Dilma é o PT, partido dela e que tem a maior fatia de espaço na equipe ministerial. O partido perdeu, nos últimos dias, o comando do Ministério da Ciência e Tecnologia, com a saída de Aloizio Mercadante, e agora o da Pesca. E, ainda, foram substituídos os comandos da Petrobras e da Secretaria das Mulheres. Embora as duas titulares, Maria da Graça Foster e Eleonora Menicucci sejam filiadas ao PT, elas não representam a máquina do partido.

Dilma ainda tem providências a tomar: indicar o novo ministro do Trabalho; dar reposta à briga no comando do Banco do Brasil e da Previ, uma briga pública entre Aldemir Bendini e Ricardo Flores. E, ainda, uma resposta aos militares aposentados que insistem nas críticas a ela.

Por Cristiana Lôbo
Fonte: G1

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Marca Passo para respirar.

Pedro contraiu meningite ainda bebê e ficou tetraplégico, hoje tem 8 anos.

O garoto Pedro Arthur, que virou símbolo de combate à meningite, recebeu alta nesta sexta-feira (24) no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, e retorna para Belo Horizonte. Ele estava internado desde o dia 29 de dezembro e foi operado para a implantação de um marca-passo diafragmático para dispensar o uso de respirador mecânico.

Pedro tem oito anos e contraiu meningite bacteriana pneumocócica quando ainda bebê. Ficou sete meses internado e saiu do hospital com tetraplegia, uma sequela da doença. Desde então, a família busca tratamentos para melhorar a qualidade de vida do garoto, que não teve o sistema cognitivo afetado. Em 2006, os pais criaram um instituto para divulgar informações sobre a doença, e o caso dele se tornou bastante conhecido na capital mineira e em outros estados.

A cirurgia foi realizada no dia 7 de janeiro. O procedimento foi possível porque a família ajuizou ação na Justiça para que governo do estado de Minas Gerais pagasse pela cirurgia, orçada em R$ 500 mil. A ação foi deferida pelo Tribunal de Justiça de Minas em outubro do ano passado.

O recém-operado, os pais e uma irmã mais nova devem chegar às 15h desta sexta-feira (24) em Belo Horizonte. Segundo o cirugião torácico Rodrigo Sardenberg, Pedro já consegue respirar três horas sem os aparelhos, apenas com o estímulo do marca-passo diafragmático, um resultado acima do esperado. A expectativa do médico é que entre três e seis meses o menino já consiga respirar totalmente sem a ajuda dos respiradores mecânicos e que a traqueostomia possa ser removida.

Cirurgia rara
"O marca-passo tem várias vantagens. A primeira é a despreocupação com o respiração mecânica, que  depende de bateria e ainda é ruim para os pacientes falarem e engolirem. Outro ponto é o risco de infecção, que cai drasticamente. Além disso, é a questão da reinserção social", disse o cirugião Rodrigo Sardenberg. O marco-passo diafragmático não dispensa bateria, mas é bem compacto e funciona como um rádio-transmissor. A antena fica presa à pele do paciente com uma fita adesiva logo abaixo dos dois mamilos.


Segundo o médico, Pedro Arthur foi a primeira criança a passar pelo procedimento na América do Sul. Anteriormente, ele já havia operado dois adultos. O aparelho estimula a respiração espontânea, permitindo que o paciente deixe de usar equipamentos mecânicos, que dependem de energia elétrica.

O marca-passo chegou ao Brasil há cerca de um ano e sua difusão poderia permitir uma grande economia com internações, de acordo com Sardenberg. “Hoje, a instalação do aparelho gera uma economia de 15 a 20 mil dólares por mês, por paciente, nos Estados Unidos. Aqui no Brasil, é estimado que cerca de mil pessoas poderiam ser beneficiadas por este aparelho, a maioria está internada”, disse. Segundo o médico, em todo o mundo, cerca de três mil pessoas usam o equipamento.




Fonte:G1

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Não se acostume com o que não o faz feliz.


Hoje decidi apenas transcrever este poema de um escritor que muito admiro, um poema simples e que nos faz pensar em algumas decisões que tomamos na vida, que leiam este poema com a alma! Desejo a todos um Final de semana com muita paz e alegria, despeço-me de vocês com este simples e curto poema de Fernando Pessoa a qual chama-me muito atenção.


Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário. Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!
 Fernando Pessoa

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

As cinzas do carnaval de mentiras.



Por Demóstenes Torres - Procurador de Justiça e Senador (DEM / GO)

O que começou pequeno, com o Bloco da Mentira, foi ganhando corpo até se transformar na Escola de Samba Unidos da Desfaçatez. Na passarela de Genebra, no fim de semana, a nova ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres se submeteu aos jurados peritos da ONU. Ouviu horrores da comissão de frente. De nada adianta se fantasiar de ovelha se quando abre a boca mostra as presas de lobo.
Assim como a presidente Dilma Rousseff foi destaque como carola na busca por votos, Eleonora Menicucci forjou-se burocrata diante dos especialistas e disse que o problema não era do Executivo – já mandou as mais absurdas Medidas Provisórias para o Congresso, causaria espanto mínimo se fizesse a MP do Citotec.
Pouco interessa se com terço ou planilha na mão, o governo simplesmente não se importa com as mulheres ou seus filhos, mas com a repercussão nas manchetes.
Mesmo impelida pela opinião pública a encampar a defesa da vida, é sacrificante para a ministra negar uma militância de décadas pró-aborto. Desnecessário e soaria falso, pois a ala das baianas inteira acha que ela atravessa o samba ao violar seus princípios, mesmo que o País os considere o fim.
Na ONU, foram duros os questionamentos sobre o que a União faz para evitar a morte de 200 mil mulheres por ano em decorrência do aborto. Isso mesmo: 200 mil! Com 1 milhão de abortos, o viés fatal estaria na criminalização.
Como Menicucci realmente confia nesses dados, garantiu na véspera da reunião que continua abortista. Se as informações estão corretas, como o grupo da presidente permitiu, nos últimos 110 meses, o óbito de quase 2 milhões de mulheres?
Se todos os bebês tivessem nascido e nenhuma mãe morrido ao interromper a gravidez, o Brasil teria 11 milhões de habitantes a mais, considerando-se apenas o período petista.
Se ninguém está mentindo, alguém está se omitindo. Menicucci, para usar uma expressão sua, não “expressou suas convicções pessoais”, pois por ela a política de estado seria legalizar a matança.
Não consegue conter a explosão das drogas? Libera a maconha, distribui seringas e mantém as cracolândias. O PT já viu morrerem 11 milhões de mães e bebês? Libera o aborto.
Na ausência de investimento em prevenção e rede de saúde, a panaceia é liberar a morte em massa.
O fantasma do aborto e do ateísmo levou a então candidata a buscar religiosos na campanha. Agora, um de seus auxiliares mais íntimos declarou guerra ideológica contra os evangélicos e sua amiga dos tempos de juventude vai à Europa se calar como foi à Colômbia fazer curso de eliminação de fetos.
Um antecessor de Dilma no cargo, FHC, perdeu eleição para prefeito de São Paulo por titubear sobre sua crença. Imagine o resultado na campanha presidencial de um sincero admitir que acredita no aborto no mesmo tom em que nega a existência de Deus...
Exige-se apenas a verdade, não precisa mutilar suas ideias, sacrificar-se intimamente só porque entrou para a vida pública. Não se é melhor ou pior por ter essa ou aquela opinião. Não representa desvio de caráter defender diante das câmeras o que professa entre quatro paredes – o defeito é mentir.



quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Casal brasileiro gera filha selecionada geneticamente para curar a irmã



Nasceu, no último sábado, o primeiro bebê brasileiro selecionado geneticamente em laboratório para não carregar genes doentes e ser totalmente compatível com a irmã. Maria Clara Reginato Cunha, de apenas 4 dias, nasceu no Hospital São Luiz, em São Paulo, para salvar a vida de Maria Vitória, que tem 5 anos e convive com transfusões sanguíneas a cada três semanas e toma uma medicação diária para reduzir o ferro no organismo desde os 5 meses. Maria Vitória sofre de talassemia major, uma doença rara do sangue que, se não for tratada corretamente, pode levar à morte. As células-tronco colhidas no sangue do cordão umbilical de Maria Clara serão usada para um transplante de medula em Maria Vitória.

De acordo com Vanderson Rocha, hematologista chefe de transplantes de medula óssea do Hospital Sírio-Libanês, que realizará o transplante de medula em Maria Vitória, a talessemia é uma doença genética hereditária. Para que uma pessoa tenha o problema, precisa herdar os genes tanto do pai quanto da mãe. Ela se caracteriza pela diminuição da síntese de hemoglobinas, que são as responsáveis por carregar o oxigênio presente nos glóbulos vermelhos.
Uma vez que se trata da diminuição de hemoglobina, a talessemia é um tipo de anemia. Ela pode ser menor, ou seja, uma doença mais discreta com sintomas fracos o até assintomática, ou major. "Nesse caso, que é mais grave, o doente precisa de transfusão sanguínea por toda a vida, a não ser que receba um transplante de medula, como irá acontecer com Maria Vitória dentro de alguns meses. Uma vez recebido o transplante, a pessoa com talassemia estará curada", afirma o médico. Sem o gene que provoca a doença, a medula de Maria Vitória passará a sintetizar a hemoglobina normalmente.
Segundo Rocha, a incidência da talassemia varia de acordo com a região, sendo mais comum entre brancos europeus principalmente de países como Itália e Grécia. No Brasil, estima-se que entre 1% e 6% da população, dependendo da região, carregue pele menos um gene da doença, o que não necessariamente significa que a pessoa tem talassemia. Acredita-se que, atualmente, existam 800 brasileiros com talassemia.
Chances pequenas — Segundo o médico geneticista Ciro Dresh Martinhago, a técnica usada para identificar os genes doentes e também a possível compatibilidade é a mesma. "A gente coleta uma única célula do embrião para fazer a análise molecular", explica o médico, diretor da RDO Diagnósticos e responsável pela análise genética.

De acordo com ele, as chances de um casal gerar embriões que sejam compatíveis e não carreguem o gene doente são de apenas 18%. Além disso, a dificuldade de realizar a técnica e a falta de profissionais experientes nessa área são alguns dos motivos que fazem o método ser pouco usado. O primeiro caso de seleção de embrião 100% compatível no mundo aconteceu em 2004.

Fonte: Veja.com

Dificuldade para dormir pode ter relação com Alzheimer




A quantidade e a qualidade do sono durante a noite podem afetar a memória e causar a doença de Alzheimer no futuro. É o que sugere um estudo que será apresentado durante a reunião anual da Academia Americana de Neurologia em abril. “O sono irregular parece estar associado ao acúmulo de placas amiloides - um marcador que é característico da doença de Alzheimer - nos cérebros de pessoas sem problemas de memória”, disse o autor do estudo Yo-El Ju, da Escola de Medicina da Universidade de Washington. “Mais pesquisas são necessárias para determinar por que isso está acontecendo e se as alterações do sono podem prever o declínio cognitivo”, afirmou.
No total, foram acompanhadas 100 pessoas com idades entre 45 e 80 anos, que não sofriam de Alzheimer. Metade do grupo relatou histórico da doença na família. Para o estudo, os voluntários utilizaram um dispositivo para medir o sono, fizeram diários de sono e responderam questionários.
Eles descobriram que 25% dos participantes tinham placas amiloides, uma proteína tóxica que causa a morte das células cerebrais e que pode aparecer anos antes do início dos sintomas do Alzheimer. De acordo com os resultados, as pessoas passavam cerca de oito horas na cama, mas o tempo médio de duração do sono era de 6,5 horas.
O estudo descobriu que as pessoas que acordaram mais de cinco vezes por hora eram mais propensas a ter o acúmulo da placa amiloide em comparação com pessoas que não despertam tanto. Já as pessoas que dormem melhor eram menos propensas a ter os marcadores de doença.
"A associação entre o sono interrompido e placas amilóides é intrigante, mas não é possível determinar uma relação de causa e efeito a partir deste estudo. Para isso, precisamos de mais estudos que sigam o sono dos indivíduos ao longo dos anos. Somente assim poderemos determinar se o sono interrompido leva a placas amilóides ou se as alterações cerebrais na doença de Alzheimer precoce levam a alterações do sono", disse Ju. "Nosso estudo estabelece as bases para investigar se a manipulação de sono é uma possível estratégia na prevenção da doença de Alzheimer."




Fonte: Veja.com

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Incostitucionalidade, PL do Ato Médico fere profissionais da Saúde e o POVO.

         Queridos, estes dias tivemos a triste noticia de que o PL do Ato Médico foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado,  O texto precisa ainda passar pelas comissões de Educação (CE) e de Assuntos Sociais (CAS) antes de ir a Plenário. Os dez anos de tramitação do projeto no Congresso revelam a dimensão das disputas em torno da matéria (SCD 268/2002), que determina atividades privativas dos médicos. Desde que foi apresentado no ano de 2002, o projeto tem sido alvo constante de polêmicas por determinar atividades privativas dos médicos. Com isso, outras categorias afirmavam que, caso vire lei, o Ato Médico retiraria atribuições e limitaria as funções para os profissionais.

O texto original do PL sofreu muitas alterações durante estes dez anos, mas, apesar das reformulações, O PL do Ato Médico ainda possui vários artigos que violam e ferem as outras profissões da Saúde desrespeitando não só os profissionais, mas também a população, que sem dúvida será uma das grandes prejudicados nisto tudo.

      
 O texto reformulado e aprovado na CCJ, manteve como competência exclusiva dos médicos a formulação de diagnóstico nosológico" para determinar a doença, mas retirou o caráter privativo para diagnósticos funcional, psicológico e nutricional, além de avaliação comportamental, sensorial, de capacidade mental e cognitiva. Nesta mesma linha, os médicos também terão exclusividade na emissão dos diagnósticos de anatomia patológica e de citopatologia, que visam identificar doenças pelo estudo de parte de órgão ou tecido, o que poderia afetar os biomédicos e farmacêuticos.

       No caso da assistência ventilatória mecânica, que constitui a intubação do paciente acoplada a equipamento que bombeia ar aos pulmões, foi mantida a exclusividade dos médicos para a chamada "definição da estratégia ventilatória inicial" e para "supervisão do programa de interrupção da ventilação". Este ponto foi questionado por fisioterapeutas, que atendem pacientes com dificuldades respiratórias.

           O projeto prevê como atribuição exclusiva de médicos a indicação e a execução de "procedimentos invasivos, sejam diagnósticos, terapêuticos ou estéticos", que incluem, entre outros, "invasão da pele atingindo o tecido subcutâneo para injeção". A norma motivou reação de acupunturistas e tatuadores, que temem restrição por conta da interpretação de conceito de procedimento invasivo.
Valadares manteve a norma, mas retirou da lista de atribuições exclusivas dos médicos a "aplicação de injeções subcutâneas, intradérmica, intramusculares e intravenosas", apesar de a recomendação de medicamentos a serem aplicados por injeção continuar sendo uma prerrogativa médica.
Outro aspecto polêmico se refere à determinação de que apenas médicos podem ocupar cargos de direção e chefia de serviços médicos, ficando aberta a outros profissionais apenas a direção administrativa dos serviços. As demais categorias argumentam que o atendimento é feito por uma equipe multidisciplinar, não havendo justificativa para que apenas uma categoria tenha a prerrogativa de direção e chefia na unidade de saúde.

          O PL do Ato Médico quer limitar vários processos de tratamento multidisciplinar apenas para os médicos. Isso atinge outros profissionais da saúde, pois poderão ser impedidos de exercer suas funções. 
Isso não seria uma desvalorização e incapacidade das demais profissões?
Sabemos que a medicina é fundamental para sociedade, porém ela não é única. Dependemos também de outros profissionais da saúde, para cuidar e tratar as pessoas.

       Pois bem, o Ato Médico, da maneira que se encontra, ao meu ver, deveria ser considerado Inconstitucional, porem não é o que temos visto. Cada um deve fazer sua parte, entre em contato com seu Senador e manifeste sua indignação, vejam, um PL que está tramitando a   10 anos certamente deve conter algo errado e que não é bom para o POVO, que é quem, na verdade deveria ser consultada sobre tal absurdo, Não podemos regredir no tempo e deixar a responsabilidade de varias profissões nas mãos de um só profissional mas se os médico quiserem criar um curso com 50 anos de duração ai quem sabe! ABSURDO. Não aceite

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Efeito da cinesioterapia respiratória em pacientes submetidos à cirurgia abdominal alta


Este post vai especialmente para os amigos do Estagio 2 deste semestre que temos ficado com muitos pacientes que submetem-se a Cirurgia abdominal alta, este artigo que encontrei, nos mostra o quão necessario se faz nossa intervenção na recuperação destes pacientes, nos respaldando na literatura e estimulando a cada um em realizar seu trabalho de uma forma clara, sucinta e bem sucedida e também incentivando-nos a pesquisa.




Efeito da cinesioterapia respiratória em pacientes 
submetidos à cirurgia abdominal alta

The effect of respiratory kinesiotherapy in patients undergoing upper abdominal surgery
Solange Ribeiro¹, Ada Clarice Gastaldi², Christiany Fernandes³


RESUMO
objetivo:  O objetivo do trabalho foi avaliar os efeitos da fisioterapia respiratória (caminhada, tosse e cinesioterapia) sobre a função pulmonar dos pacientes em pós-operatório de cirurgia abdominal alta. 
Métodos: Foram avaliados clinicamente 30 pacientes (14 do sexo feminino e 16 do masculino), com idade média de 53 anos, por testes de função pulmonar, medidas de força da musculatura respiratória e saturação arterial de oxigênio. Aleatoriamente, os pacientes foram incluídos no Grupo A (caminhada e tosse) ou Grupo B (caminhada, tosse e cinesioterapia – exercícios respiratórios diafragmáticos, em tempos e inspiração sustentada).
Resultados: Comparando-se aos valores de pré-operatório, o volume expiratório forçado de primeiro segundo diminuiu 24% no primeiro dia de pós-operatório no Grupo A e 31% no Grupo B, mantendo uma redução, no quinto dia de pós-operatório de 7 e 14 (não significativo); a capacidade vital forçada diminuiu 27 e 33%, no primeiro dia de pós-operatório, nos Grupos A e B, mantendo no quinto dia 12 (não significativo) e 20%; a pressão inspiratória máxima diminuiu 16% no primeiro dia de pós-operatório, nos Grupos A e B, mantendo, no quinto dia, uma diminuição de 4% (não significativo) em ambos; a pressão expiratória máxima diminuiu, no primeiro dia, 20 e 18% nos Grupos A e B e, no quinto dia 14 e 15%. Conclusão: A evolução do Grupo A foi semelhante ao Grupo B (este, porém, com maior risco de complicações) sugerindo que a inclusão da cinesioterapia foi benéfica.
Descritores:  Modalidades de fisioterapia; Cinesiologia aplicada/métodos; Terapia por exercício/métodos; Tosse; Abdome/cirurgia; Exercícios respiratórios; Período pós-operatório

INTRODUÇÃO

Tem sido evidenciado que a manipulação da cavidade abdominal durante a cirurgia abdominal alta leva à diminuição dos volumes e capacidades pulmonares, tornando a respiração superficial e rápida, com ausência de suspiros(1) e com movimento abdominal paradoxal, que pode resultar em complicações pulmonares provocando alteração ventilação-perfusão ou shunt  pulmonar, com conseqüente hipoxemia e atelectasia(2). Essas alterações no sistema respiratório são máximas nas primeiras 48 horas após a cirurgia(3).Uma provável explicação é a disfunção do diafragma, com origem na manipulação das vísceras abdominais, determinando a inibição reflexa do nervo frênico e conseqüente paresia diafragmática(4).


A fisioterapia pode integrar o tratamento dos pacientes no pós-operatório, utilizando-se de diversas técnicas. A cinesioterapia respiratória visa melhorar o padrão respiratório do paciente, aumentar a expansão pulmonar, a força dos músculos respiratórios, a capacidade residual funcional e o volume de reserva inspiratório prevenindo ou tratando dessa forma, as complicações pulmonares(5). 
Apesar dos benefícios demonstrados em alguns estudos, assim como neste, a recomendação sistemática de fisioterapia com realização da cinesioterapia respiratória realizada nesses pacientes, não é um consenso entre os autores.

OBJETIVO

Este trabalho teve por objetivo avaliar os efeitos da cinesioterapia respiratória, sobre a função pulmonar de pacientes em pós-operatório de cirurgia abdominal alta (CAA), a fim de avaliar se os recursos da cinesioterapia respiratória de fácil realização e baixo custo são eficazes para recuperação da função pulmonar, além da caminhada e da tosse assistida já comprovadamente eficaz. 

MÉTODOS

O estudo foi realizado em duas unidades hospitalares de Divinópolis, MG (Hospital São João de Deus – Fundação Geraldo Corrêa e Hospital e Maternidade Santa Mônica). Este protocolo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Humanos do Centro Universitá-rio do Triângulo – UNITRI e pelo Comitê de Ética de ambos os hospitais. 

Estudo de caráter experimental no qual foram avaliados 40 pacientes (número da amostra calculada após estudo piloto com oito pacientes), sendo 30 incluídos no estudo e dez excluídos, por evolução para óbito (dois), não colaboração com o tratamento proposto (dois) e por necessidade de re-operação (seis). Foram incluídos pacientes com espirometria prévia dentro dos limites da normalidade, idade compreendida entre 35 e 65 anos, ausência de sintomas respiratórios e capacidade de realizar medidas fisioterapêuticas de força muscular e espirometria.
Foram excluídos os pacientes que apresentaram incapacidade de realizar as medidas fisioterapêuticas, incapacidade para deambular, necessidade de ventilação mecânica prolongada (> 48 horas), tabagismo, obesidade mórbida, instabilidade no pós-operatório e permanência prolongada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Um assistente foi treinado para melhor conhecimento do método, o que permitiu que o examinador permanecesse “cego” durante a realização das medidas, desconhecendo a que grupo pertencia o paciente. A avaliação foi realizada sempre com os mesmos equipamentos e com o mesmo examinador.


Os pacientes foram submetidos a uma avaliação prévia no pré-operatório e reavaliações no primeiro, terceiro e quinto dia de pós-operatório. As avaliações eram realizadas sempre no período da manhã antes do paciente realizar qualquer atividade física. O paciente permanecia ainda sob internação hospitalar. Os testes foram realizados em ordem aleatória com os pacientes sentados sobre uma cadeira.

A pressão inspiratória máxima (PImáx) foi mensurada a partir do volume residual (VR) e a pressão expiratória máxima (PEmáx), a partir da capacidade pulmonar total (CPT) por meio de um manovacuômetro (marca GerAr® Indústria Brasileira), em centímetros de água. As pressões foram mantidas por pelo menos dois segundos e o maior valor foi utilizado para os cálculos(6). 

Foram feitas as medidas de CVF e VEF1 em litros, a partir da CPT, em um espirômetro Micro Loop ML350 e foi calculada a relação VEF1/CVF em %(7). Considerando a melhor curva, foram feitas três medidas(8).

O pico de fluxo expiratório foi medido a partir da CPT, com expiração do maior volume possível e rapidamente, a boca acoplada ao bucal do aparelho(9) com o aparelho modelo Mini-Wright – Peak Flow Meter 3103.

Foi medida a saturação de oxigênio com oxímetro de pulso digital marca Nonim.

Em cada dia de avaliação, foram realizadas dez medidas de PImáx, dez de PEmáx, três medidas espirométricas e cinco medidas de pico de fluxo expiratório (PFE).

Após realização dos testes iniciais, os pacientes foram selecionados aleatoriamente para inclusão em uma ou outra forma de tratamento, o que caracterizou o estudo como experimental. O grupo denominado “A” ou GA fez: caminhada e tosse; o grupo denominado “B” ou GB fez: caminhada, tosse e cinesioterapia respiratória.

O Grupo A (GA) fez 20 minutos de caminhada divididos em dois períodos de dez minutos pela manhã e dez minutos no final da tarde e tosse assistida com o fisioterapeuta, totalizando 30 minutos de terapia.

O Grupo B (GB) fez cinco minutos de caminhada, tosse e cinesioterapia respiratória. Cada exercício foi realizado em três séries de dez repetições, com dois minutos de pausa entre cada série, totalizando 30 minutos de exercício. Neste estudo, a cinesioterapia respiratória foi definida como a utilização e realização de exercícios respiratórios, tais como respiração diafragmática, inspiração sustentada e em tempos, exclusivamente, método bastante utilizado e difundido na fisioterapia respiratória(10).

Como a tosse assistida é benéfica e eficiente, não seria ético deixar um grupo sem qualquer tipo de fisioterapia. O GA fez mais tempo de caminhada que o GB para totalizar um tempo de assistência fisioterapêutica semelhante entre os dois grupos, já que o GA não realizou cinesioterapia como o GB.


A análise estatística utilizou o teste do χ2 para comparação das características dos Grupos A e B; a análise de variância (ANOVA) para comparação dos resultados obtidos de pré-operatório e demais dias de pós-operatório, para cada grupo seguido, quando indicado, pelo teste de Tuckey; o teste t de Student para comparação de cada dia, entre os Grupos A e B e para verificar diferenças entre o tempo obtido nas cirurgias e o tempo previsto, de acordo com a tabela National Nosocomial Infections Surveillance (NNIS)(11), tanto para o Grupo A 
quanto para o B. O nível de significância estabelecido foi 0,05 ou 5% (p < 0,05).

RESULTADOS

O GA foi composto por 15 pacientes (sete do sexo masculino), com média de idade de 55,5 ± 11,9 anos e o GB por 15 pacientes (nove do sexo masculino), com média de idade de 53,4 ± 11,3 anos.

A análise estatística mostrou que o peso e IMC foram maiores no GB do que no GA (p ≤ 0,05). Com relação ao tempo de cirurgia, no GA e no GB o tempo encontrado foi maior que o tempo previsto de acordo com a tabela NNIS (11) (p < 0,05); e houve um número significativamente maior de pacientes com tempo de cirurgia acima do previsto no GB do que no GA (p ≤ 0,05).

Os valores médios e desvios padrão dos parâmetros analisados, PImáx e PEmáx, CVF e VEF1 encontram-se 
na Tabela 1. As alterações percentuais e o resultado da análise estatística das variáveis descritas anteriormente e
ainda das variáveis PFE e saturação de pulso de oxigênio (SpO2) estão descritos na Tabela 2.


DISCUSSÃO

As complicações pulmonares são preocupações constantes no período pós-operatório (PO). A não recuperação ou o atraso na recuperação das funções pulmonares tais como os volumes, capacidades e força, é a principal causa de complicação pulmonar no pós-operatório (CPP). De acordo com vários estudos, sua incidência varia de 10 a 80%(1,12). 

De acordo com a literatura, o excesso de peso é um grande complicador para perda funcional pulmonar no PO, pois ocorre redução da CRF entre 20 a 70% e no VEF1 em torno de 60%(13). Em cirurgias que excedem 120 minutos, a incidência de complicações pulmonares é de 21,4 versus 5,4% para cirurgias mais rápidas (14-16). 

Analisando o tempo de cirurgia (minutos) dos procedimentos realizados com o tempo de cirurgia previsto para tais procedimentos, segundo a tabela NNIS(11) foi possível observar que tanto no GA quanto no GB, o tempo de cirurgia foi significativamente maior que o previsto, sendo, em média, aproximadamente uma hora maior no GB.
Apesar do GB ter apresentado maiores perdas da função pulmonar, como PFE, volumes e capacidades pulmonares; maior peso e índice de massa corpórea (IMC), como indicadores de sobrepeso ou obesidade e maior tempo de cirurgia, CPP não foram diagnosticadas clinicamente nesse grupo, por serem variáveis importantes. Isso pode se justificar pela introdução da cinesioterapia respiratória nesse grupo. Vale ressaltar que nenhum paciente apresentou hipoxemia ou foi excluído por CPP diagnosticadas clinicamente, com evolução semelhante a alguns estudos da literatura, em que os pacientes realizaram diversos recursos além da cinesioterapia respiratória, como CPAP, RPPI, inspirômetro de incentivo, percussão, drenagem postural e outros(5,13,17,18,19).

Embora haja evidência de que a fisioterapia respiratória melhore a função pulmonar pós-operatória(5), ainda não está claro qual técnica deve ser melhor para esse fim. Por isso, optou-se por realizar a cinesioterapia respiratória, por ser uma técnica muito utilizada pelos fisioterapeutas com objetivo de reexpansão pulmonar e não requerer o uso de equipamento adicional. Apesar das diversas técnicas utilizadas pelos autores no grupo tratado(13), nesse estudo em discussão, a redução da CVF foi menor no GB, reduziu no primeiro PO em 33 e 27% no GA. Tanto no estudo em questão quanto no da literatura(13) não houve diferença significativa entre o GA e GB, tratado e controle respectivamente. O VEF1 nesse estudo reduziu 31% no primeiro PO do GB e 24% no GA. No mesmo estudo citado acima, reduziu 26 a 37% no grupo tratado e 42% no grupo controle. O PFE reduziu 36% no primeiro PO no GB e 34% no GA. Na mesma referência anterior, a redução no grupo tratado foi de 43% e no grupo controle de 41%. A PImáx reduziu 16% no primeiro PO do GA e GB. 

Na literatura(3,13), há redução de 30% no primeiro PO do grupo tratado e 25% no controle. A diferença percentual sugere uma melhor recuperação nos dois grupos de tratamento fisioterapêutico desse estudo.A PEmáx reduziu 18% no primeiro PO do GB e 20% no GA. A literatura mostra redução de 30 a 40%(14) no grupo tratado e controle. Apesar dessa redução, os pacientes não apresentaram CPP até o quinto PO, enquanto que, em outro estudo(13) há complicações em 6% dos 172 pacientes do grupo tratado e em 27% dos 194 pacientes do grupo 
controle (que não realizou nenhum tipo de exercício). Não foi observada diferença significativa comparando-se o GA e GB. Isto pode ser justificado, primeiro, porque os dois grupos foram tratados e, segundo, pela hipótese de que a realização repetida das medidas de espirometria, força muscular e mobilização precoce do paciente no pós-operatório, funcionam como uma alternativa de fisioterapia respiratória, promovendo sua recuperação mais rápida.

Os pacientes recuperaram suas funções pulmonares até o quinto PO sem necessidade do uso de equipamentos que muitas vezes oneram o tratamento, tornando-o inviável para pacientes de baixo poder aquisitivo e distante dos grandes centros. 

Pode-se observar no presente estudo, em que os dois grupos foram tratados com protocolos diferentes, que o grupo que realizou cinesioterapia respiratória teve em alguns momentos, uma recuperação inferior ao grupo que não realizou cinesioterapia respiratória com exercícios específicos. Todavia, o grupo que a realizou foi constituído de pacientes que apresentavam maior fator de risco para perda funcional pulmonar, nos permitindo à inferir que sua evolução foi melhor em relação ao outro grupo. Isso sugere que a cinesioterapia respiratória apresenta efeito benéfico e acelera a recuperação no PO de CAA, proporcionando melhor evolução do paciente. A deambulação com tosse assistida, também proporciona melhora. Isso pode ser observado no grupo que realizou 20 minutos de caminhada e tosse assistida, pois, certamente durante a deambulação, o paciente realizou respirações profundas como o suspiro, proporcionando a reexpansão pulmonar como na cinesioterapia respiratória, melhorando assim a recuperação de suas funções pulmonares no pós-operatório.


CONCLUSÃO

Este estudo mostrou que, desde que o paciente seja colaborativo e capaz de realizar exercícios ativos, a implementação da cinesioterapia respiratória juntamente à mobilização precoce (caminhada) e tosse, assistidos por fisioterapeutas, podem ser suficientes para uma recuperação bem sucedida.

REFERENCIAS

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2.  Ford GT, Whitelaw WA, Rosenal TW, Cruse PJ, Guenter CA. Diaphragm function after upper abdominal surgery in humans. Am Rev Respir Dis. 1983;127(4):431-6.
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Disponível em: http://apps.einstein.br/revista/arquivos/PDF/831-Einstein%20v6n2%20p166-9.pdf








terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Cirrose

O que é?
A cirrose é uma doença difusa do fígado, que altera as funções das suas células e dos sistemas de canais biliares e sanguíneos.É o resultado de diversos processos, entre os quais, a morte de células do fígado e a produção de um tecido fibroso não funcionante. Isto prejudica toda a estrutura e o trabalho do fígado.
Como se adquire e como se desenvolve?
Após períodos variáveis de tempo, indivíduos com inflamações crônicas do fígado estão sujeitos a desenvolverem cirrose.
Não é possível prever quais as pessoas com doença de fígado que terão cirrose.
As causas mais comuns são: 
As hepatites crônicas pelos vírus B e C
O alcoolismo.
Outras causas menos comuns são: 
As hepatites por medicamentos;
Hepatite Autoimune;
Esteatohepatite não-alcoólica (NASH);
Doenças genéticas (Hemocromatose, Doença de Wilson);


A cirrose biliar primária ou secundária (dificuldade crônica, sem causa definida, do fluxo de bile desde o interior do fígado ou, eventualmente, após cirurgias complicadas da vesícula, das vias biliares ou do fígado).
Em recém-nascidos, a atresia de vias biliares (uma malformação dos canais que conduzem a bile do fígado ao intestino) é importante causa da rápida instalação de cirrose no bebê, situação curável apenas por cirurgia precoce ou transplante hepático.
O que se sente?
A doença se desenvolve lentamente e nada pode ser percebido por muitos anos. A cirrose por si mesma dificilmente causa sintomas em seu início, porém, com a evolução para estágios mais avançados, o insuficiente funcionamento do fígado leva ao aparecimento de diversas manifestações.
Dependendo do paciente e da causa da cirrose poderão ser predominantes sintomas de um ou mais grupos.
As alterações relacionadas aos hormônios são: 
Perda de interesse sexual;
Impotência;
Esterilidade;
Parada das menstruações;
Aumento das mamas dos homens;
Perda de pelos.
Ictericia
Ascite
As alterações relacionadas à circulação do sangue no fígado (hipertensão da veia porta) levam a:
Aumento do baço
Varizes do esôfago e estômago com risco de hemorragias graves (vômito ou fezes com sangue)
Ascite (barriga d'água)
Devido à incapacidade do trabalho da célula hepática, acumula-se bile no sangue, surgindo a icterícia (amarelão), que pode estar associada à coceira no corpo.
Muitas outras alterações podem ocorrer, tais como: 
Inchaço nas pernas;
Desnutrição (emagrecimento, atrofia muscular, unhas quebradiças);
Facilidade de sangramento (gengiva, nariz, pele);
Escurecimento da pele.
A Encefalopatia Hepática (EpH) – síndrome com alterações cerebrais decorrentes da má função hepática, produz: 
Sonolência excessiva durante o dia e dificuldade de dormir a noite;
Agitação ou agressevidade no comportamento, dificuldade de escrever, de falar, de dirigir veículos, de cálculos simples.

Esta EpH tem vários graus e chegando ao coma, pode levar à morte. A encefalopatia pode ocorrer pela progressiva evolução da doença do fígado ou por intercorrências agudas de infecção, sangramento, excesso alimentar de proteínas ou constipação (dificuldade de evacuação).
Como o médico faz o diagnóstico?
O diagnóstico definitivo de cirrose é feito por biópsia hepática (obtida por punção do fígado com agulha especial) e análise microscópica do material obtido nesse exame. Em muitos casos, quando o paciente chega ao médico, seu quadro já é típico da doença e a avaliação complementar mais simples, com a ecografia , a endoscopia digestiva e alguns exames de sangue, é suficiente para estabelecer o diagnóstico clínico, dispensando a biópsia.
Quando existe uma história de uso excessivo de bebidas alcoólicas ou exames de sangue positivos para os vírus da hepatite B ou C fica facilitado o diagnóstico da causa da cirrose. Diversos outros exames estão disponíveis para investigação das causas menos comuns de cirrose.
Como se trata?
A suspensão do agente agressor (álcool, drogas) ou a eliminação/controle do vírus da hepatite pode desacelerar ou parar a evolução da doença, evitando as complicações mais graves. Entretanto, a cirrose avançada é um processo irreversível.
Cada uma das complicações da cirrose exige um tratamento específico, geralmente visando o controle de situações agudas como sangramentos, infecções, ascite ou encefalopatia. O transplante de fígado aparece como única opção de cura da doença, alcançando bons resultados. Ainda é um tratamento difícil de ser conseguido pela falta de doadores, complexidade da cirurgia e do controle ao longo prazo da rejeição.
Como se previne?
A melhor prevenção das cirroses de origem viral é através da vacinação contra Hepatite B, dos rigorosos critérios de controle do sangue usado em transfusões, do uso de preservativos nas relações sexuais e do uso individualizado de seringas pelos usuários de drogas injetáveis. Destas formas, a cirrose causada pelas hepatites B e C podem ser minimizadas.
É necessário o tratamento dos portadores das hepatites crônicas B e C, antes que evoluam para cirrose. E nos portadores de cirrose inicial, para prevenir que cheguem a estágios mais avançados.
No caso do álcool, deve-se evitar o seu uso excessivo. É exigida a parada total do seu consumo em indivíduos com hepatite B ou C.
Apesar de apenas uma minoria das pessoas que bebem demais terem cirrose, o risco aumenta proporcionalmente à quantidade e ao tempo de consumo. Não é possível precisar que quantidade de álcool causará cirrose em determinada pessoa, entretanto, doses acima de 20g de álcool por dia, o equivalente a duas latas de cerveja ou duas taças de vinho, ou duas doses de destilado, são suficientes para, em certos homens, causar doença. Em mulheres, a metade desta dose, ou seja, 10 gramas de álcool por dia, já pode provocar cirrose.
Deve-se lembrar que pessoas aparentemente “resistentes” ao álcool, ou seja, que ingerem frequentemente bebidas, porém não ficam embriagadas (bêbadas), podem não ter o fígado tão resistente, e desenvolver cirrose sem nunca terem ficado bêbadas.
Perguntas que você pode fazer ao seu médico
O que posso fazer para a doença não piorar?
Cirrose é um tipo de câncer?
Tenho risco de ter câncer por causa da cirrose?
Eu sou candidato a transplante de fígado?
Devo usar sempre os remédios? E quando acabar a receita?
Essa doença interfere em remédios que estou usando ou que precise usar por outros motivos?
O que posso usar para dor de cabeça ou gripe?
Devo mudar alguma coisa na minha rotina para lidar com a cirrose? 



Fonte: ABC da Saúde