Na unidade
passada da minha especialização em Terapia Intensiva pela Escola de Saúde
Pública ESP/CE, a professora trouxe um artigo que me chamou atenção, e trago
aqui para que vocês também tenha acesso e analisem.
O
artigo teve como finalidade avaliar a percepção dos familiares dos pacientes
internados na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital das Clínicas da
Universidade Estadual de Campinas, sobre a Fisioterapia na unidade, no que diz
respeito a sua importância no setor, e suas necessidades. O que me chamou
atenção foi que em relação ao serviço prestado pela equipe de Fisioterapia, somente
35% dos familiares conheciam o serviço prestado na UTI, e o julgavam como
“Bom”. Do total, 20% atribuíram nota dez ao atendimento fisioterapêutico. O que
nos faz refletir na importância da divulgação de nossa função e relevância na
UTI, além de estudos científicos, que reforcem, e comprovem ainda mais nossa eficácia
e devida importância, junto a equipe multidisciplinar na assistência a
pacientes graves e potencialmente graves.
Segue
abaixo partes do artigo, e link para o artigo na integra.
RESUMO
Trata-se de um
estudo descritivo e de abordagem qualitativa, que teve como objetivo verificar
o conhecimento dos familiares de pacientes internados na Unidade de Terapia
Intensiva do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas com
relação à atuação da Fisioterapia intensiva neste serviço, bem como identificar
suas necessidades. Foram entrevistados 60 familiares, sendo estes questionados
a respeito do serviço de Fisioterapia e submetidos ao Inventário de Necessidades
e Estressores de Familiares em Terapia Intensiva. Foi observado que a maioria
deles desconhecia a atuação da Fisioterapia em tal Unidade, porém os que
conheciam atribuíram nota máxima ao serviço. Em relação às necessidades dos
familiares, notou-se que 56,7% julgaram necessário saber fatos concretos a
respeito do progresso de seu familiar; 60% gostariam de ter a certeza que seu
familiar está recebendo o melhor tratamento e 71,7% gostariam de ter dias e
horários de visitas mais flexíveis. Constatou-se a falta de informações dos
entrevistados em relação à atuação da Fisioterapia na Unidade de Terapia
Intensiva. Foram identificadas as necessidades dos familiares, sendo possível,
com isto, executar ações de melhoria. Por meio do presente estudo, a Unidade de
Terapia Intensiva do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas
identificou as principais necessidades dos familiares, adequou o espaço físico,
implementou salas de acolhimento familiar e o curso de especialização em
Fisioterapia Respiratória em Unidade de Terapia Intensiva Adulto, e criou
informativos visuais quanto à sua atuação para melhores acolhimento e compreensão
dos familiares.
RESULTADO
Características demográficas dos familiares
Dos 60
familiares que participaram do estudo, 71,7% eram do sexo feminino e 28,3% do
masculino, sendo 23,3% esposas, 21,7% filhas, 15% filhos, e os outros 40%
irmãos, mãe, marido, netos e tios. Do total, 45% dos familiares eram de
religião católica, 21,7% evangélica, e os 33,3% restantes de religiões espírita,
umbanda, ecumênico, caldó ou de nenhuma. Em análise do grau de escolaridade,
38,3% dos entrevistados tinham concluído o ensino médio; 25%, o superior; e
21,6%, o fundamental; 13,3% deles tinham ensino fundamental incompleto ou sem
escolaridade e 1,76% não responderam. A média de idade dos participantes foi de
44,3±14,63 anos.
A maioria dos familiares entrevistados (81%) não possuía convênio
médico. Destes, 44 (73,33%) mantiveram-se internados com mediana de 8 (5;
16,75) dias dependentes do serviço da UTI, e 16 (26,66%) não souberam relatar.
Quanto ao atendimento e funcionamento em geral das unidades relacionadas à
pesquisa, observou-se que 79% dos entrevistados atribuíram a este nota dez.
Fisioterapia
Em relação ao serviço prestado pela equipe de Fisioterapia,
somente 35% dos familiares conheciam o serviço prestado na UTI, e o julgavam
como “Bom”. Do total, 20% atribuíram nota dez ao atendimento fisioterapêutico.
Inventário
de necessidades e estressores de familiares em terapia intensiva
A Tabela 1 mostra a necessidade de conhecimento ou informação dos
familiares de pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva, Hospital de
Clínicas da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo, Brasil, com
n=60.
Segundo os dados da Tabela 2, estar em um lugar agradável, que
ofereça conforto enquanto aguarda para receber notícias de seu familiar, é um
fator importante para a maioria dos participantes.
Os participantes se preocupam com seus parentes internados e
vivenciam o medo e a insegurança, muitas vezes resultados da incerteza em
relação à conduta e ao tratamento, como pode ser observado na Tabela 3.
A Tabela 4
demonstra que 71,7% dos familiares necessitar dias e horários de visitas mais
flexíveis e maior acesso aos profissionais e pacientes, apesar de julgarem que
este tempo estabelecido pela instituição supre suas necessidades.
Tabela 1. Necessidade de conhecimento/ ou informação dose
familiares de pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva, UTI,
Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de CampinasC/UNICAMP, Campinas,
São Paulo, Brasil (n=60)
Necessidade de conhecimento/informação
|
n
|
%
|
Saber fatos concretos sobre o progresso do meu
familiar
|
34
|
56,7
|
Ser informado em casa sobre mudanças da
condição do meu familiar
|
33
|
55,0
|
Conhecer os profissionais que estão cuidando
do meu familiar
|
33
|
55,0
|
Receber informação sobre o estado de saúde do
meu familiar pelo menos uma vez por dia
|
30
|
50,0
|
Saber o porquê determinado procedimento foi
realizado
|
27
|
45,0
|
Saber exatamente o que está sendo feito pelo
meu familiar
|
26
|
43,3
|
n: número
de relatos entre os 60 familiares
Tabela 2. Necessidade do conforto de familiares de pacientes
internados em Unidade de Terapia Intensiva, Hospital de Clínicas da
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo, Brasil (n=60)
Necessidade de conforto
|
n
|
%
|
Ter um toalete próximo à sala de espera
|
25
|
41,7
|
Ter um telefone próximo à sala de espera
|
25
|
41,7
|
Ter a sala de espera próxima do meu familiar
|
22
|
36,7
|
Ter mobília confortável na sala de espera
|
20
|
33,3
|
Ter disponível no hospital uma boa comida
|
18
|
30,0
|
Ter um lugar no hospital onde possa ficar
sozinho(a)
|
9
|
15,0
|
n: número
de relatos entre os 60 familiares
Tabela 3. Necessidade de segurança emocional dos familiares de
pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva, Hospital de Clínicas da
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo, Brasil (n=60)
Necessidade de segurança emocional
|
n
|
%
|
Ter certeza que o meu familiar está recebendo
o melhor tratamento
|
36
|
60,0
|
Sentir que há esperança
|
29
|
48,4
|
Sentir-se acolhido pela equipe
multidisciplinar
|
29
|
48,3
|
Receber a visita de um representante religioso
(padre, pastor ou rabino)
|
29
|
48,3
|
Conversar sobre a possibilidade de falecimento
do meu familiar
|
24
|
40,0
|
Ter alguma outra pessoa comigo quando estiver
visitando meu familiar na Unidade de Terapia Intensiva
|
22
|
36,7
|
n: número
de relatos entre os 60 familiares
Tabela 4. Necessidade de maior acesso ao paciente e aos
profissionais da unidade de pacientes internados em Unidade de Terapia
Intensiva, Hospital de Clínicas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas,
São Paulo, Brasil (n=60)
Necessidade de maior acesso ao paciente e aos
profissionais da unidade
|
n
|
%
|
Ter o dia e o horário de visitas flexíveis,
podendo ser modificados em situações especiais
|
43
|
71,7
|
Ter uma pessoa específica no hospital para
entrar em contato e ter notícias do meu familiar quando não puder estar
presente na visita
|
39
|
65,0
|
Conversar com o médico diariamente
|
34
|
56,7
|
Visitar meu familiar frequentemente
|
30
|
50,0
|
Conhecer os cuidados da equipe com relação ao
meu familiar
|
30
|
50,0
|
Conversar com a enfermeira responsável
diariamente
|
25
|
41,7
|
n: número
de relatos entre os 60 familiares
CONCLUSÃO
As principais
necessidades dos familiares foram conhecer fatos concretos sobre o progresso
do familiar, ter a certeza de que o familiar está recebendo o melhor tratamento,
toalete próximo à sala de espera e dia e horário de visitas flexíveis. Houve
implementação de salas de acolhimento familiar, com auxílio de grupos de apoio
aos familiares e de humanização, além da implementação de informativos
visuais.
REFERENCIA
ALMEIDA NETO, Abel Brasileiro de et al. Percepção dos familiares de pacientes internados em
Unidade de Terapia Intensiva em relação à atuação da Fisioterapia e à
identificação de suas necessidades. Fisioter.
Pesqui. [online]. 2012, vol.19, n.4, pp. 332-338. ISSN
1809-2950.
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