segunda-feira, 30 de julho de 2012

Música alta pode afetar memória e aprendizagem, diz estudo


A partir de pesquisas feitos com ratos, cientistas argentinos reveleram os danos causados por exposição ao som em alto volume.


Muitos adolescentes gostam de ouvir música alta, especialmente durante os estudos, costume que tem sido criticado pelo pais através de gerações.
Agora, cientistas da Argentina mostraram que a reclamação dos progenitores não é pura chateação: através de um experimento com ratos, eles descobriram que o som alto pode afetar a memória e os mecanismos de aprendizagem de animais em desenvolvimento.
O trabalho, publicado na revista Brain Research, foi realizado utilizando camundongos com idade entre 15 e 30 dias, o que corresponde a uma faixa etária entre 6 a 22 anos nos humanos.
"Nós usamos ratos pois eles têm um sistema nervoso semelhante aos seres humanos", disse à BBC Mundo Laura Guelman, coordenadora do projeto e pesquisadora do Centro de Estudos Farmacológico e Botânico (Cefybo) da Universidade de Buenos Aires (UBA).
Os pesquisadores expuseram os animais a intensidades de ruído entre 95 e 97 decibéis (dB) mais altos do que o patamar considerado seguro (70-80 dB), porém abaixo da intensidade de som que produz, por exemplo, um show de música (110 dB).
Concluído o experimento, eles descobriram que, depois de duas horas de exposição, os ratos sofreram danos irreversíveis nas células cerebrais.
Segundo os pesquisadores, foram identificadas anormalidades na área do hipocampo, uma região associada com os processos de memória e aprendizagem.
"Tal evidência sugere que o mesmo poderia ocorrer em humanos em desenvolvimento, embora seja difícil de provar, porque não podemos expor as crianças a este tipo de experiência", disse Guelman.
Danos
Já era sabido que a exposição ao som alto pode causar deficiência auditiva, cardiovascular e do sistema endócrino (além de stress e irritabilidade), mas Guelman afirmou que é a primeira vez que tais alterações morfológicas são detectadas no cérebro.
"Pode-se supor a partir dessa descoberta que os níveis de ruído a que as crianças são expostas nas "baladas" ou ouvir música alta com fones de ouvido podem levar a déficits de memória e cuidados de longa duração", disse Maria Zorrilla Zubilete, professora e pesquisadora da Faculdade de Medicina da UBA.
Uma das curiosidades relevadas pelo estudo é que, para as crianças, uma única exposição a ruídos altos pode ser mais prejudicial do que uma exposição prolongada.
Durante a experiência, dois grupos de ratos foram analisados: o primeiro foi exposto uma única vez a duas horas de ruído e o segundo recebeu o mesmo estímulo, mas uma vez por dia durante duas semanas.
Após 15 dias, os ratos que tinham sido submetidos a uma única exposição no início da experiência mostraram sinais de danos mais contundentes.
Os cientistas atribuíram tal fato à chamada "plasticidade neural" existente durante os anos de desenvolvimento, quando o sistema nervoso ainda está em formação.
"É possível que os estímulos do cérebro já não tenham tempo para reparar tais ferimentos", disse Guelman.
Conclusões precipitadas
Embora o estudo cause preocupação em um cenário em que cada vez mais crianças ouvem música em alto volume através de dispositivos digitais e vídeo games, Guelman alerta para conclusões precipitadas.
"O som que usamos para o experimento foi o ruído branco, um sinal que contém todas as freqüências de som, e é percebido como se fosse o barulho de uma TV mal sintonizada", disse ela.
"Mas a música que muitas das crianças ouvem contém apenas algumas freqüências, e ainda não sei exatamente o que causou o dano", acrescentou.
O próximo trabalho desses cientistas é determinar o "mecanismo molecular" pelo qual o ruído afeta as células do hipocampo.
"Nós não sabemos se o dano é gerado diretamente pelas vibrações sonoras ou o som ativa neurotransmissores que causam o problema", diz Guelman.
Depois de entender esse mecanismo, os peritos tentarão desenvolver drogas que podem prevenir lesões.
Enquanto isso, cientistas argentinos acreditam que este estudo deve servir como um alerta para evitar a exposição das crianças a sons altos.
Com a descoberta, os professores, que já se queixam de como as novas tecnologias podem distrair os alunos, têm agora um novo argumento para proibir os gadgets em sala de aula. 


Fonte:
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www.estadao.com.br

Pesquisadores desvendam mecanismos dos sonhos conscientes


Áreas do cérebro responsáveis pela auto percepção são ativadas durante sonho lúcido


A capacidade humana de desenvolver a auto percepção, auto reflexão e consciência própria está entre um dos grandes mistérios da neurociência. Se esses estados estão constantemente ativos quando estamos acordados – no chamado estado de vigília – esses mecanismos, na maior parte das vezes, são desativados durante o sonho. Mas o que dizer quando sabemos que estamos sonhando e controlamos as ações, sem acordar?

Cientistas do Instituto de Psiquiatria Max Planck, na Alemanha, conseguiram identificar, pela primeira vez, quais são as áreas do cérebro envolvidas em sonhos lúcidos. Os resultados da pesquisa vão ajudar os cientistas a compreenderem melhor o funcionamento desse órgão, ainda cheio de mistérios para os cientistas. A pesquisa foi publicada no periódico Sleep.

Mapeando o pensamento - Com técnicas avançadas de análise de dados usando a tomografia por ressonância magnética, eles puderam identificar onde se concentram as atividades cerebrais durante o sonho normal e o sonho lúcido. Isso é difícil de mensurar, apesar das modernas técnicas de captação de imagem existentes. Para chegar ao resultado, os pesquisadores se concentraram na transição do estado consciente para o inconsciente, durante o sonho. 

Pelo mapeamento das áreas que ativadas durante o sonho lúcido – quando temos consciência de que estamos sonhando, mas não acordamos – descobriram que essas regiões são as mesmas envolvidas na capacidade de auto percepção, consciência própria e auto reflexão. "A atividade básica geral do cérebro é igual nos dois sonhos, o normal e o lúcido", disse Michael Czisch, líder da pesquisa no Instituto de Psiquiatria Max Planck. “Mas durante o sonho lúcido, uma rede de neurotransmissores fica muito ativada, diferente de quando o sonho é normal”, disseram.

As áreas envolvidas são o córtex dorsolateral pré-frontal direito, que normalmente está ligado á função de auto avaliação, e a região fronto polar, responsável pelas avaliações de pensamentos e sentimentos, e o  precuneus, que fica no lóbulo parietal superior e é relacionado à auto percepção.


Fonte: VEJA.com

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Você conhece a Narcolepsia e a cataplexia?


O que é

Narcolepsia é uma condição neurológica caracterizada por episódios irresistíveis de sono e em geral distúrbio do sono. É um tipo de dissonia.
O sintoma mais expressivo é a "preguiça" e sonolência diurna excessiva, que deixa o paciente em perigo durante a realização de tarefas comuns, como conduzir, operar certos tipos de máquinas e outras ações que exigem concentração. Isso faz com que a pessoa passe a apresentar dificuldades no trabalho, na escola e, até mesmo, em casa. Os ataques de sono podem ocorrer a qualquer momento e em situações inusitadas: em pé dentro de um ônibus, durante a consulta médica, dirigindo o automóvel, ou operando máquinas, por exemplo.
Na maioria dos casos, o problema é seguido de incompreensão familiar, de amigos e patrões. A sonolência, geralmente, é confundida com uma situação normal, o que leva a uma dificuldade de diagnóstico. É comum portadores da narcolepsia passarem a vida inteira sem se darem conta que o seu quadro é motivado por uma doença, sendo tachados por todo esse tempo de preguiçosos e dorminhocos. No entanto, se o narcoléptico procurar ajuda especializada, vai descobrir que é vítima de um mal crônico, cujo tratamento é feito por meio de estimulantes e que se pode prolongar por toda a vida.
As manifestações da narcolepsia, principiando pela sonolência diurna excessiva, começam geralmente na adolescência, quando piora, leva à procura médica à medida que os sintomas se agravam. A narcolepsia é um dos distúrbios do sono que pode trazer consequências individuais, sociais e econômicas graves.
O sono normal começa com o desligamento do controle muscular. Nessa fase, é um sono de ondas lentas. Cerca de hora e meia depois, a pessoa entra na fase do sono REM, na qual a atividade do cérebro é intensa e os olhos se movimentam. Os portadores de narcolepsia saltam a etapa do sono de ondas lentas e entram direto, subitamente, na de sono REM.



Causas

            Fatores genéticos estão envolvidos na narcolepsia, que é causada por alteração no equilíbrio existente entre algumas substâncias químicas (neurotransmissores) do cérebro, responsáveis pelo aparecimento do sono REM em horas inadequadas.
            Em geral, o distúrbio está associado a um alelo ligado ao complexo maior de histocompatibilidade, ou seja, a uma proteína relacionada com a sonolência excessiva durante o dia. A causa da narcolepsia é o déficit do neurotransmissor denominado orexina no hipotálamo. O déficit deste neurotransmissor estimulante leva à sonolência excessiva. 
A cataplexia, isto é, a perda súbita e reversível da força muscular durante a vigília, é o único sintoma exclusivo da narcolepsia. Os outros são: sonolência diurna excessiva, anormalidades do sono REM, paralisia muscular e alucinações hipnagógicas.

        Cataplexia
Consiste numa súbita falta de força sem perda dos sentidos, nem da memória, e é muitas vezes provocada por estímulos emocionais agradáveis e geralmente está associada a Narcolepsia.
      A duração é breve e a falta de força pode ser total  (a pessoa cai ao chão) ou parcial (cai apenas o queixo ou a cabeça; os joelhos dobram-se; as mãos podem deixar cair objetos).
  • Exemplos de circunstâncias desencadeantes:
 Emoção, stress, fadiga, refeições pesadas, surpresa, riso, medo, ouvir música e ver um filme.
A cataplexia pode ter consequências sérias e provocar acidentes durante as atividades diárias.


Como se diagnóstica 

  • O diagnóstico implica:


 - Um quadro clínico compatível
 - Exames auxiliares positivos
 - Teste de latência múltipla do sono
 - Mostrar sonolência excessiva (lat < 8 min; 8-10 ?)e adormecimentos iniciados por sono REM (latência < 15 min)
 - Polissonografia noturna
 - Há insónia e diminuição da latência do REM
 - Tipagem HLA
 - Há uma associação forte com os haplotipos HLA-DR2- DQb106
 - Polissonografia ambulatória 24 a 36h           
        A polissonografia e o teste de latências múltiplas são dois exames de laboratório importantes que ajudam a estabelecer o diagnóstico da narcolepsia, que é diferencial, porque considera as características de outros distúrbios do sono, como a apneia e a insônia, por exemplo.
Prevalência e sintomas

A narcolepsia é uma doença pouco frequente (atinge 0.03-0.16% da população geral)
História familiar : 8% das narcolepsias são familiares e cerca de 10-40% dos familiares em 1º grau podem estar atingidos

  • Caracteriza-se por:

- Sonolência excessiva 
- Cataplexia
- Alucinações hipnagógicas
- Paralisia do sono
- Outros sintomas e problemas

Prognóstico

- Doença incapacitante
- Perda de emprego
- Reforma precoce
- Rejeição social e familiar

Tratamento

A pessoa com narcolepsia pode apresentar vários episódios de sono irresistível durante o dia. Se tiver a oportunidade de tirar um cochilo quando isso acontecer, provavelmente acordará mais disposta, porque esses cochilos costumam ser reparadores.

Os tratamentos da sonolência excessiva e da cataplexia são diferentes, mas os remédios indicados para um caso podem melhorar também o outro.
Uma substância nova chamada motofanil, além da vantagem de não provocar efeitos colaterais importantes sobre o sistema cardiovascular, tem-se mostrado eficaz para deixar a pessoa mais alerta. Já os antidepressivos agem melhor sobre a cataplexia. Às vezes, a solução terapêutica é combinar doses menores das duas classes de medicamentos (estimulantes e antidepressivos).
       O maior obstáculo ao tratamento é o atraso no diagnóstico. Em 500 doentes nos EUA o atraso no diagnóstico foi de 15 anos, o que normalmente acarreta depressão. A narcolepsia causa grandes implicações para a família e os empregadores.





Referências:


VARELLA, Drauzio. Narcolepsia, Disponível em:  http://drauziovarella.com.br/doencas-e-sintomas/narcolepsia/ . Acesso em 26 Julho 2012.

Centro de Electroencefalografia e Neurofisiologia. Narcolepsia disponível em:    http://centrodosono.com/home/index.php?option=com_content&view=article&id=77:questionarios-ep&catid=11:sono&Itemid=19 . Acesso em 24 Julho 2012.















terça-feira, 24 de julho de 2012

Você conhece a Doença de MACHADO JOSEPH


História
A doença de Machado Joseph (DMJ) é uma doença hereditária de conhecimento recente. A primeira descrição oficial data de 1972, tratava-se de uma família Luso-americana descendente de Guilherme Machado, que nasceu em São Miguel e emigrou com os filhos para Massachusetts, daqui o nome Machado. No mesmo ano, em descendentes de José Tomás, originário das Flores, foi descrita uma doença semelhante.
Em 1976 na Califórnia, foi descrita outra família açoriana (família Joseph), com outra doença neurológica. Era a família de António Jacinto Bastiana, nascido na Ilha das Flores em 1815 e emigrado para São Francisco em 1845, falecendo em 1870, deixando sete filhos, quatro dos quais viriam a ser afetados como ele pela doença. Hoje são conhecidos mais de 600 descendentes seus na Califórnia, muitos dos quais afetados pela doença. Muitas outras famílias açorianas afetadas emigraram para os EUA. De São Miguel, sobretudo para a Nova Inglaterra e das Flores principalmente para a Califórnia.

            Em 1978, nas Flores e São Miguel, foram encontradas as primeiras 15 famílias que partilhavam muitas das características das doenças descritas anteriormente. Conclui-se então que se tratava da mesma doença, com uma variabilidade clínica muito grande, à qual deram o nome de Doença de Machado-Joseph.           Alguns anos mais tarde e casualmente foi encontrada a primeira família continental com a DMJ. Desde então o número de famílias continentais diagnosticadas tem aumentado.
Muitas famílias sem ascendência portuguesa conhecida estão registradas, nos EUA e muitos outros países. O Japão torna-se um dos principais focos mundiais da doença, enquanto outras famílias se encontram no Brasil, Índia, China, Austrália, Espanha e França.
O que é
A doença de Machado Joseph, é uma doença rara que provoca a degeneração do sistema nervoso e que não tem cura. Ela compromete inicialmente a capacidade motora do paciente provocando descoordenação de movimentos (ataxia).
Assim, o doente apresenta ataxia cerebelar (descoordenação dos movimentos e da fala), oftalmoplegia externa progressiva (limitação do olhar vertical para cima) e sinais piramidais/espasticidade (reflexos exagerados), a que se adicionam em alguns doentes um síndrome extrapiramidal (posturas e movimentos anormais de torção) ou síndrome periférica (atrofias musculares). Como sintomas menos comuns temos a retração das pálpebras (olhos salientes) e pequenas fasciculações da face e língua. Com o evoluir da doença todos os doentes desenvolvem dificuldades de deglutição. Os doentes da DMJ não têm qualquer deterioração mental e muitas vezes apresentam por exemplo, incontinência que resulta das dificuldades de locomoção e não da doença em si. Para esta doença ainda não há tratamento, mas pode-se melhorar a qualidade de vida dos doentes tratando algumas das várias complicações.
Esta é uma doença que se manifesta tardiamente, em média aos 40,5 anos, no entanto pode aparecer desde tenra idade até aos 70 anos de idade (casos mais raros).
A única forma de prevenir a doença é o estudo genético do casal que pretende engravidar, de forma a identificar a probabilidade de possuir o gene defeituoso e passar a doença para o bebê.
Guilherme Karan, um ator brasileiro, sofre desde 2005 com esta doença degenerativa.

Tratamento para Doença de Machado Joseph

O tratamento para a doença de Machado Joseph baseia-se em diminuir as limitações motoras que surgem a medida que vão aparecendo, uma vez que não há cura para a doença e não há também tratamento que previna o avançar da degeneração característicos desta doença.
O tratamento normalmente  tem o objetivo de aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. Inclui além da  fisioterapia, a instituição de tratamento sintomático para problemas que se instalam com o desenvolvimento  da doença como depressão, alterações de sono, Parkinson, contraturas musculares e dor.
A doença de Parkinson que se instala pode ser tratada com levodopa ou agonistas dopaminérgicos. O uso de dopamina e entiespasmódicos também ajudam a melhorar a mobilidade do paciente, podendo fazer parte do tratamento para a doença de Machado Joseph.

A Fisioterapia na Doença de Machado Joseph

A fisioterapia para a doença de Machado Joseph envolve terapia de reabilitação da deglutição  e é recomendada e essencial para todos os doentes com dificuldade de deglutição relacionada a danos neurológicos, como neste caso.
A fisioterapia e a terapia ocupacional podem, ajudar o paciente a escolher qual o aparelho de assistência à marcha a utilizar, e também ajudando o paciente a se adaptar às limitações que têm.

Cura para doença de Machado Joseph

Como não existe cura para a doença de Machado Joseph, e sendo uma doença muito grave, é muito importante  seu controle e prevenção, para reduzir o surgimento de novos casos.
A morte destes pacientes geralmente é causada por complicações habituais da fase terminal da doença, asfixia ou pneumonias de aspiração. Após o início da doença, a sobrevida do paciente é de aproximadamente 21 a 25 anos.

Diagnóstico da doença de Machado Joseph

O  diagnóstico da doença de Machado Joseph é feito através de um teste genético molecular e também com exame de imagem como a ressonância magnética.
A DMJ é uma doença hereditária, de início tardio e de transmissão autossómica dominante, pelo que a probabilidade de um filho ou irmão de um portador carregarem essa doença é de 50%. Como doença hereditária nasce-se carregando o gene com alteração (mutação do gene).
Em 1994 descobriu-se que o gene mutante estava localizado no cromossoma 14 do cariótipo humano. Trata-se de um gene simples com 2 exões e um intrão, havendo no segundo exão uma sequência repetitiva de um trinucleótico CAG. O número de vezes que este se repete é variável mas sempre inferior a 40. A mutação nos DMJ consiste nessa repetição mas com números superiores a 60. Sabe-se ainda que quanto maior for a expansão do tripleto CAG menor é a idade de início da doença.


É possível se fazer um diagnóstico pré-natal ainda durante a gravidez através de amniocentese entre as15-18 semanas de gravidez, ou por biopsia das vilosidades coriônicas às 12 semanas, apesar de existir muita controvérsia sobre o diagnóstico pré-natal e a interrupção da gravidez de fetos com esta mutação genética.
Pesquisas

Cientistas portugueses travaram doença de Machado-Joseph em ratos

 

Uma equipa de cientistas da Universidade de Coimbra conseguiu identificar e bloquear, em ratos, um dos mecanismos de base responsáveis pela degenerescência cerebelar que caracteriza a terrível doença de Machado-Joseph.

 

A confirmarem-se nos seres humanos, os seus resultados poderiam conduzir ao primeiro tratamento eficaz desta doença genética, que é relativamente rara em quase todo o mundo, mas que afeta uma em cada 4000 pessoas de ascendência portuguesa na Nova Inglaterra (EUA) e que, na ilha das Flores, nos Açores, bate todos os recordes, com uma pessoa afetada.

 

"A doença, também designada por ataxia espinocerebelar do tipo 3, foi identificada como entidade autônoma pelos investigadores e clínicos Paula Coutinho e Corino de Andrade, do Porto, que lhe deram o nome das duas primeiras famílias para as quais havia descrições na literatura", disse ao Público Luís Pereira de Almeida, o líder da equipa do Centro de Neurociências da Universidade de Coimbra que acaba de publicar o seu trabalho na revista Brain.

 

A doença de Machado-Joseph é progressiva e não tem cura. Deve-se a uma mutação num único gene e basta um dos progenitores ser afetado para os filhos terem uma probabilidade de 50% de ter a doença.

            O gene mutante que a causa, descoberto em 1994 no cromossoma humano 14, apresenta uma repetição anormalmente elevada de uma pequena sequência de "letras" do ADN, o que dá origem a uma proteína anormal - a ataxina-3 -, que forma depósitos letais dentro do núcleo dos neurônios. Os especialistas já suspeitavam que a proteína mutante, ao fragmentar-se, conduzia à formação dos depósitos anormais. E agora, a equipe  de Coimbra conseguiu, ao desvendar o processo de fragmentação, confirmar que esse processo e a degenerescência cerebelar estão, de fato, relacionados.

            Mais precisamente, os cientistas mostraram que a ataxina-3 mutante é cortada aos pedaços por uma molécula, chamada calpaína. E também que, quando a calpaína é inativada, os fragmentos neurotóxicos desaparecem e a destruição cerebelar é interrompida - o que pode significar a descoberta de uma potencial maneira de travar o processo. "Mesmo que não consigamos prevenir totalmente a fragmentação da ataxina-3, o fato de ela abrandar poderia ser suficiente para impedir que a doença surgisse durante a vida das pessoas, o que representaria uma incrível vitória sobre esta terrível doença", diz Pereira de Almeida em comunicado.

 

Os investigadores quiseram saber se, no rato, seria possível impedir que a calpaína fragmentasse a ataxina-3. Para isso, utilizaram outra molécula, chamada calpastatina, um inibidor da calpaína naturalmente presente no organismo. E constataram que, efetivamente, a introdução de altos níveis de calpastatina no cérebro dos animais não só permitia reduzir o número de depósitos de ataxina-3 dentro dos neurônios, como também os estragos cerebrais e os sintomas neurológicos característicos da doença de Machado-Joseph. Se os resultados forem válidos no ser humano, fármacos capazes de bloquear a calpaína poderiam vir, pela primeira vez, a permitir travar a doença. Mas Pereira de Almeida é prudente: "Este trabalho é mais uma peça do puzzle... não sabemos ainda o alcance. Temos testado um fármaco [em animais] que parece promissor, mas não está aprovado para uso clínico, pelo que ainda irá demorar, mesmo se tudo correr bem, a chegar à clínica.”




Referências:

Machado - Joseph, Disponível em: http://www.pcd.pt/biblioteca/docs.php?id=582&id_doc=242&id_cat=10. Acesso em 24 Julho 2012.

Doença de Machado JosephDisponível em:  http://www.tuasaude.com. Acesso em 22 Julho 2012.

GERSCHENFELD, Ana. Cientistas portugueses travaram doença de Machado-Joseph no ratinho, disponível em:   http://www.publico.pt/Ci%C3%AAncias/cientistas-portugueses-travaram-doenca-de-machadojoseph-no-ratinho-1556103?p=2. Acesso em 24 Julho 2012.







quinta-feira, 19 de julho de 2012

Sedentarismo é doença e causa tantas mortes quanto cigarro


Segundo pesquisadores, falta de atividade física já pode ser considerada uma pandemia mundial




Sedentarismo é doença 
O sedentarismo como fator de risco secundário para doenças é estudado cientificamente desde 19560, mas somente em 1992 foi reconhecido como risco primário, ou a possível causa principal de doenças cardiovasculares e de mortes.

Em 2002, a OMS (Organização Mundial da Saúde) definiu o sedentarismo como uma doença em si. A definição foi baseada em diversos fatos. Primeiro, as evidências científicas de que o sedentarismo aumenta significativamente o risco de doenças crônicas não-transmissíveis, incluindo as doenças cardiovasculares, o diabetes, a obesidade e certos tipos de câncer.

Além disso, levou-se em conta que o sedentarismo é muito comum, tão ou mais prevalente quanto outros fatores de risco, como hábitos alimentares e tabagismo, e está crescendo no mundo todo.

Finalmente, há indicação de que os efeitos do sedentarismo na a saúde podem ser eliminados ou bastante minimizados com a prática moderada de atividades físicas simples, praticamente sem impacto econômico para os indivíduos e para a sociedade.

QUEM É SEDENTÁRIO:

Embora a maioria das pessoas associe o sedentarismo à ausência de atividades esportivas, a medicina define como sedentária a pessoa que gasta poucas calorias por semana com atividades ocupacionais, que podem ser a faxina da casa, a ida a pé ao trabalho etc. O sedentário não consegue gastar o mínimo de 2.200 calorias por semana em atividades físicas.

Embora a realização de atividades físicas no dia a dia já represente uma melhora no quadro de sedentarismo, a OMS recomenda a realização de exercícios de intensidade moderada (como a caminhada vigorosa) durante 60 minutos por dia. Essa prática permite a manutenção de um peso saudável, previne a obesidade e traz maiores benefícios à saúde em geral.

COMBATENDO O SEDENTARISMO

Os primeiros passos para deixar de ser sedentário podem ser pequenas mudanças na rotina diária que incluam o trabalho físico na realização de atividades corriqueiras. Subir dois ou três andares de escada em vez de usar o elevador, ir a pé ao trabalho ou, se não for possível, estacionar o carro mais longe para fazer uma pequena caminhada são um bom começo. Parece pouco, mas estudos mostram que, mesmo que as atividades não sejam feitas de forma contínua, acumular pelo menos 30 minutos de trabalho físico por dia já tem efeito na qualidade de vida e na prevenção de doenças.

Para obter maiores benefícios à saúde, o ideal é começar a praticar exercícios de intensidade moderada durante 40 a 60 minutos, de três a cinco vezes por semana. Caminhar, correr, nadar ou jogar bola são bons exemplos desse tipo de atividade. O mais importante é encontrar uma atividade que seja feita com prazer. Se o exercício é visto apenas como uma obrigação penosa, será difícil manter a constância na atividade, e isso é fundamental para que os benefícios sejam obtidos.

CUIDADOS

É recomendável procurar o médico para iniciar uma atividade física regular se a pessoa leva uma vida sedentária há muito tempo. No caso de cardiopatas, diabéticos, hipertensos e portadores de doenças vasculares, é fundamental procurar o especialista e fazer os exames indicados.

Para esses indivíduos, o exercício físico é importante e considerado parte do tratamento, mas ele deve ser iniciado com supervisão e com controle médico.

O sedentarismo pode ser tão letal quanto o tabagismo. Segundo um estudo publicado nesta quarta-feira na revista médica The Lancet, a falta de atividade física foi responsável por 5,3 milhões das 57 milhões de mortes registradas no mundo em 2008. O cigarro, por sua vez, leva cerca de cinco milhões de indivíduos a óbito todos os anos, apontam os pesquisadores.

Tais números, de acordo com o relatório, fazem com que o sedentarismo possa ser classificado como uma pandemia. Esse trabalho faz parte de uma série de artigos que o periódico vem divulgando sobre exercícios físicos, aproveitando a proximidade da Olimpíada de 2012, que começa na próxima semana em Londres.

PESQUISA

A pesquisa considerou inatividade física como a prática de menos do que 150 minutos de atividade física moderada (caminhada rápida, por exemplo) ou menos do que 60 minutos de exercícios intensos (como corrida) por semana. Segundo os dados, esse quadro atinge um terço da população mundial adulta (maior do que 15 anos), e é ainda mais prevalente entre os adolescentes: quatro em cinco jovens de 13 a 15 anos não atingem os níveis mínimos de atividade física. O sedentarismo se torna mais comum conforme as pessoas ficam mais velhas e atinge mais mulheres do que homens e pessoas de países risco.

Esse estudo foi desenvolvido por uma equipe de pesquisadores das universidades de Harvard e da Carolina do Sul, ambas nos Estados Unidos, do Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC, sigla em inglês), órgão de saúde americano, e do Instituto Nacional para Saúde e Bem-Estar da Finlândia. Para os autores, um dos grandes responsáveis pela inatividade física no mundo são os meios de transportes motorizados, que acabam aumentando o número de horas em que um indivíduo permanece sentado durante o dia.

No artigo, eles reforçam a importância de as autoridades dos países promoverem a atividade física entre a população, ampliarem o acesso das pessoas a espaços públicos onde elas possam exercitar-se e garantirem a segurança de pedestres e ciclistas. Segundo estimativas dos pesquisadores, aumentar os níveis de atividade física entre a população mundial em 10% poderia evitar mais de 500.000 mortes em todo o mundo ao ano.

Fator de risco — De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a inatividade física é o quarto maior fator de risco para doenças crônicas, ficando atrás somente da hipertensão, do tabagismo e do colesterol alto. A pesquisa publicada na revista The Lancet mostrou que o sedentarismo causa 6% dos casos de doença cardíaca coronariana, 7% de diabetes tipo 2 e 10% dos casos de cânceres de mama e cólon.



Fonte: Veja 
caracaosaudavel.com

terça-feira, 17 de julho de 2012

Pilates pode trazer problemas à coluna se praticado incorretamente.

Há quem diga que pilates é a atividade ideal para fortalecer os músculos e aumentar a flexibilidade. Mas nem sempre é assim. Quando mal executado, o exercício pode ter efeito reverso e trazer sérios problemas para a coluna, de acordo com o Daily Mail.
Como milhares de mulheres, Sophie Barnes, de 38 anos, decidiu fazer pilates para voltar à forma após o parto. Ainda que com vontade de afinar a silhueta, ela foi indicada a fazer a atividade por razões médicas, já que nasceu com escoliose, uma curvatura anormal da coluna vertebral.
"Sete meses depois do parto, me senti pronta para começar. Contei para o instrutor sobre a minha escoliose e gravidez, e ele me indicou a participar das aulas", disse Sohpie, que praticava pilates uma vez por semana.
Três meses depois, acordou com a perna esquerda dormente, mas o instrutor disse para que ela não se preocupasse. A dormência se agravou em algumas semanas e Sophie procurou um médico. "Fiz uma ressonância magnética e descobri que estava com hérnia de disco. O aumento da pressão e tensão dos exercícios tinham agravado meu problema".
De fato, pilates é considerado o melhor exercício para melhorar a dor nas costas e postura, mas claro, é preciso ser praticado corretamente. "Eu estou vendo um número crescente de pacientes que têm estiramentos musculares ou problemas nas costas depois de participar de aulas de pilates", disse Stewart Tucker, ortopedista e cirurgião de coluna vertebral, no Royal National Orthopaedic Hospital, em Londres. "Se os exercícios são realizados de forma incorreta podem enfraquecer e piorar as condições existentes", alertou.

Por isso, médicos dizem que procurar um professor especialista em pilates é a chave para não correr riscos e fazer aulas em classes com poucas pessoas, para que o instrutor esteja atento aos seus movimentos. Além disso, não deixe de fazer avaliação antes de iniciar as aulas e conte sobre seu histório médico. "Verifique se o instrutor vai realizar exercícios sob medida para você, e não os genéricos para uma classe inteira", indicou Mushtaque Ishaque, um cirurgião de coluna do IMC Priory Hospital


Fonte: Terra Saúde

quarta-feira, 4 de julho de 2012

EFEITOS DA IMOBILIZAÇÃO E ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NO HOSPITAL


    A Fisioterapia Hospitalar é uma área que está em franco crescimento. Se antes era visto como paliativo, inclusive por alguns profissionais da área da saúde, agora é reconhecido que, pacientes que requerem cuidados médicos intensivos, a mobilização é possível e necessária.


   A principal conseqüência da imobilização é o descondicionado que evidentemente reduz sua capacidade de executar exercício aeróbico, diminuindo sua tolerância aos esforços e comprometendo o desmame de pacientes submetidos a períodos prolongados de ventilação mecânica. A imobilização com a incapacidade de deslocar secreções adequadamente favorece complicações respiratórias como atelectasias, pneumonias, etc.



    Fatores que favorecem a imobilização do paciente: permanência prolongada na Unidade de Terapia Intensiva; restrição ao leito; recuperação de anestesia; aplicação de sedativo, anestesia, bloqueios neuromusculares; uso de talas e faixas de restrição; deficiência neurológica, quadro álgico, uso de equipamento para monitoração.

Efeitos da Imobilização no Sistema Cardiovascular

* Diminuição do volume total de sangue.
* Redução da concentração de hemoglobinas.
* Aumento da Freqüência Cardíaca máxima.
* Diminuição do consumo máximo de O2.
* Diminuição da tolerância ao ortostatismo.

Efeitos da Imobilização no Sistema Respiratório

* A Capacidade Vital - CV está Reduzida.
* Diminuição da capacidade residual funcional - CRF,
* Diminuição do volume expiatório forçado.
* Alterações na relação ventilação / perfusão (V/Q).
* Diminuição na pressão arterial de O2 (PaO2)
* Diminuição na diferença alvéolo-arterial de O2 em pacientes anestesiados.

Efeitos da Imobilização no Sistema Metabólico

* Aumento da excreção de cálcio.
* Aumento da excreção de nitrogênio.
* Aumento da excreção de fósforo.
* Aumento da excreção de magnésio.

Efeitos da Imobilização no Sistema músculoesquelético

> Diminuição da massa muscular.
> Diminuição da força muscular.
> Aumento da osteoporose (osteopenia).
> Mudanças no tecido conectivo periarticular e intra-articular.

    O repouso prolongado predispõe à atrofia e a importante fraqueza muscular. Observa-se em pacientes imobilizados: contraturas articulares, diminuição do trofismo muscular e aparecimento de úlceras de pressão.

    O FISIOTERAPEUTA no hospital pode evitar os efeitos deletérios da hipo ou inatividade do paciente acamado.

     A fisioterapia está indicada para os pacientes internados num hospital com o objetivo de minimizar a retenção de secreção pulmonar , melhorar a oxigenação e reexpandir áreas pulmonares atelectásicas, além de tratar e prevenir os efeitos musculosesqueléticos como as contraturas, atrofias, ulceras de pressão e etc. sua eficácia pode ser observada pela redução na incidência de pneumonias e pela melhora da função pulmonar. Estudos comprovam a diminuição nas taxas de incidência de pneumonias nosocomiais com a implantação de um serviço de FISIOTERAPIA. Outros estudos também comprovam uma diminuição das contraturas e atrofias e das ulceras de pressão. E ainda prevenção de intubação e traqueotomia.

    A Fisioterapia Respiratória consiste de recursos fisioterápicos que tem como finalidade a prevenção e/ou tratamento precoce das complicações respiratórias e motoras, objetivando recuperar ao máximo a saúde e a capacidade funcional dos pacientes tratados.

   As indicações principais são as doenças pulmonares obstrutivas (bronquite e enfisema) e restritivas, asma, pneumonias hipersecretivas, pré e pós-operatórios de cirurgias abdominais, pulmonares e cardíacas, acidente vascular encefálico, pacientes em ventilação mecânica, neurocirurgias, senilidade, decúbito prolongado, cirurgias ortopédicas, vasculares e em pacientes internados na unidade coronariana.

    As técnicas e procedimentos fisioterapeuticos especializados na prevenção e tratamento das doenças respiratórias e cirúrgicas, objetivam a manutenção das vias aéreas pérvias, o volume pulmonar adequado e a função da musculatura como um todo e do arco de movimento normal.

    Os objetivos específicos da fisioterapia consistem em: melhorar a ventilação pulmonar, reduzir a resistência das vias aéreas, otimizar complacência pulmonar, diminuir trabalho respiratório e cuidar das alterações musculoesqueléticas.

    Na atualidade as atribuições do Fisioterapeuta são: proceder avaliação fisiofuncional, reeducação respiratória e diafragmática, realizar técnicas de reexpansão pulmonar, técnicas de desobstrução brônquica, técnica de desinsuflação pulmonar, suporte ventilatório, monitoração respiratória e desmame, treinamento muscular respiratório, cinesioterapia motora e controle postural.





Fonte: Facafisioterapia